Segunda-feira, 29 de Fevereiro de 2016

Carreiro mais antigo disse adeus aos carros de cesto

Com a devida vénia ao Diário de Notícias da Madeira

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O carreiro mais antigo do Monte realizou hoje a sua última viagem, após 56 anos de serviço.

Com alguma emoção, João Artur Freitas, mais conhecido pelo 'Petita', assumiu o lugar dos turistas e desceu no carro de cesto conduzido pelos seus dois filhos, acompanhado pelos seus netos, de 3 e 10 anos, e pela presidente da Junta de Freguesia do Monte, Idalina Silva.

Uma homenagem que suscitou a curiosidade de alguns turistas e contou com a presença de muitos carreiros e familiares que fizeram questão de retratar o momento.

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publicado por João Carvalho Fernandes às 23:55
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Terça-feira, 13 de Julho de 2010

ESTE ANO VAMOS À MADEIRA

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publicado por João Carvalho Fernandes às 13:00
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Sexta-feira, 18 de Junho de 2010

Conheça a Madeira por dentro

Com a devida vénia ao Jornal da Madeira

 

As férias estão quase a chegar e se este ano não tem disponibilidade financeira para sair da ilha, o melhor mesmo é ficar por cá, de certeza que não se irá arrepender, até que há muitos sítios que ainda não conhece e ainda gostava de visitar.Na lista de sítios a conhecer “cá dentro” comece pelos jardins, que são um grande cartaz turístico. O Jardim Botânico tem uma beleza ímpar, por isso mesmo é que é tão visitado pelos turistas. A vista que tem sobre o Funchal é soberba, além de poder conhecer as milhares de espécies de plantas que existem não só na ilha, mas também pelo Mundo. Os Jardins do “Monte Palace” são também uma visita obrigatória pela junção de intercontinentalidades que proporciona ao visitante. É um jardim para desfrutar devagarinho, levar um livro e sentar-se nos bancos e ler um pouco e ouvir os pássaros... sem pressas. Uma outra sugestão, mas mais cultural é a Quinta das Cruzes que ainda pode visitar à noite, em determinados dias. Quase no centro do Funchal, há o Parque Santa Catarina. Sim, é uma boa sugestão, porque de certeza que nunca o visitou com a calma que ele obriga. De certeza que só vislumbra o parque do lado de lá da estrada. Está de férias... pegue na máquina e faça de turista na sua própria cidade.

 

Parques de diversão para toda a família

 

Se é apreciador da tradição aliada à aventura o Parque Temático da Madeira é a sugestão ideal para si e para toda a família. Certamente que passará bem o dia naquele espaço e ainda ficará a conhecer mais sobre a formação da ilha da Madeira e até do Universo. Este espaço é tão divulgado, mas de certeza que ainda não teve tempo de ir a Santana visitar o Parque que faz as delícias dos turista. Ainda para mais este ano não há desculpas, já que o Parque lançou o cartão para residentes. Pode ir as vezes que quiser.Nos dias em que o calor aperta, não se esqueça que pode ir até ao Aquaparque, em Santa Cruz. Aqui não vai faltar também diversão para toda a família, nos dias de sol.

 

Locais paradisíacos do mar à serra

 

A Madeira é conhecia pelos seus locais paradisíacos, se calhar por viver cá e não ter tempo de andar por aí a visitar são poucos os locais que já visitou. Como está de férias, dedique então um dia para ir até à Fajã dos Padres. A calma do sítio vai querer voltar mais vezes ou então pernoitar nas unidades de turismo que lá têm. Mesmo ao lado, o Calhau da Lapa é também um local que foi redescoberto e que tem uma praia fantástica.Se prefere a serra à praia, não desanime, a Madeira tem muito para lhe oferecer. O dia pode começar bem cedo observando o nascer do sol desde o Pico do Areeiro, de certeza que irá ficar maravilhado. O dia pode continuar visitando as belezas da costa Norte da ilha.Na lista de sítios que não pode deixar de conhecer está ainda o Fanal, bem como o Chão da Ribeira, um sítio na freguesia do Faial, mas que ainda é desconhecido por muitos. Não se esqueça de comer uma truta num dos restaurantes que lá existem. E já que está naquela localidade, visite a Ribeira Funda, um dos últimos sítios da Madeira a ter uma estrada. De certeza que irá ficar admirado como durante anos e anos aquelas pessoas viveram ali, tendo como único acesso uns degraus em mau estado e muito íngremes. Ali, aproveite para fechar os olhos ouvir os pássaros e água a correr na levada. São dos únicos sons que se ouve na área.

 

Turismo rural de qualidade

 

Neste momento, a Madeira oferece ao turista, mas também ao residente várias unidades de turismo rural de qualidade a preços acessíveis, basta estar atento às promoções. O problema será mesmo escolher. Desde o Santo da Serra, passando pela Calheta e até à Ponta do Pargo, a escolha é grande e certamente é o ideal para passar umas férias diferentes mesmo “cá dentro”.Ande de teleférico, de carro de cesto, observe as baleias e golfinhos a partir dos barcos de recreio, acima de tudo sinta-se um turista na sua própria terra. A Madeira agradece.

 

 JM

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publicado por João Carvalho Fernandes às 13:00
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Segunda-feira, 19 de Janeiro de 2009

BAILINHO DA MADEIRA - MAX

Composição: Maximiano de Sousa (Max) Mário Teixeira e Tony Amaral

 

Deixa passar esta linda brincadeira

Qu'a gente vamos bailar

Á gentinha da madeira

 

Instrumental

 

Eu venho de lá tão longe

Eu venho de lá tão longe

Venho sempre á beira mar

Venho sempre á beira mar

 

Instrumental

 

Trago aqui estas couvinhas.

Trago aqui estas couvinhas.

Pr'á manhã o seu jantar.

Pr'á manhã o seu jantar.

Deixa passar esta linda brincadeira

Qu'a gente vamos bailar

Pr'á gentinha da madeira.

Deixa passar esta linda brincadeira

Qu'a gente vamos bailar

Á gentinha da madeira.

 

Instrumental

 

E a madeira é um jardim.

E a madeira é um jardim.

No mundo não há igual.

No mundo não há igual.

 

Instrumental

 

Seu encanto não tem fim.

Seu encanto não tem fim.

A filha de portugal.

A filha de portugal.

Deixa passar esta linda brincadeira

Qu'a gente vamos bailar

Pr'á gentinha da madeira.

Deixa passar esta linda brincadeira

Qu'a gente vamos bailar

Á gentinha da madeira.

 

Instrumental

 

 

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Quarta-feira, 7 de Janeiro de 2009

Folclore e ritmos no Curral das Freiras

Com a devida vénia ao Diário de Notícias da Madeira

 

Megapresépio no Curral das Freiras em exibição até ao fim-de-semana

 

O megapresépio que a Associação Refúgio da Freira tem patente ao público no Centro Cívico do Curral das Freiras continua a ser, nesta quadra da Festa, mais um dos grandes atractivos da localidade interior da ilha.

 

Além da beleza natural ímpar do 'Curral', a 'grande' obra de arte alusiva à época das festas natalícias e a animação musical a ela associada promovida aos domingos complementam a oferta aos muitos visitantes, locais e forasteiros que 'descem' até ao centro da freguesia câmara-lobense.Apesar de ser já uma 'tradição' a construção de um presépio de grandes dimensões, desde o passado dia 21 que muitos curiosos são atraídos também pelo megapresépio ali erguido, este ano com a ajuda 'extra' da animação aos fins-de-semana.

 

Na tarde do último domingo, o primeiro do novo ano, houve actuação do Grupo de Danças e Cantares da Casa de Povo de Água de Pena, bem como do Grupo Folclórico e Etnográfico da Boa Nova.

 

No próximo domingo, dia 11, a animação estará a cargo do Grupo de Folclore de Santa Rita, Grupo de Folclore Monte Verde e Grupo de Música Tradicional Seis po'meia Dúzia, com actuações às 15, 16 e 18 horas, respectivamente.

 

Ainda no próximo domingo, será efectuado o sorteio de rifas - 17 horas - promovido pela Associação Refúgio da Freira, o qual está associado a uma iniciativa de solidariedade, uma vez que parte do valor arrecadado reverterá para a associação Acreditar.

 

Quem pretender visitar o presépio poderá fazê-lo até ao próximo fim-de-semana.Até sexta-feira, entre as 9 e as 20 horas, no sábado e domingo está aberto ao público das 15 às 20 horas. Orlando Drumond

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Sábado, 22 de Novembro de 2008

MAX

O inesquecível Max em Bate o Pé, imitação de instrumentos e O Magala (0 31) num espectáculo transmitido pela RTP.

 

 

 

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Sábado, 2 de Agosto de 2008

FRUTAS DA MADEIRA

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Sexta-feira, 1 de Agosto de 2008

FRUTAS DA MADEIRA

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FUNCHAL

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Quarta-feira, 23 de Julho de 2008

A ruralidade madeirense vista por Max Römer

Com a devida vénia ao Jornal da Madeira

 

 

O Liceu Jaime Moniz integra-se num conjunto de obras que, a par do Palácio da Justiça, Banco de Portugal e Mercado dos Lavradores, entre outros, se enquadra num conjunto de obras arquitectónicas ligadas aos que se convencionou chamar "Estado Novo", o regime que, durante quarenta e oito anos vigorou em Portugal, até ao 25 de Abril de 1974.

 

Esse facto, porém, não invalida o valor arquitectónico do "Liceu" pois a sua traça, para além de caracterizar uma época histórica, impõe-se pela amplitude dos corredores, salas bem iluminadas e arejadas, os pátios e os jardins.

 

Mas, se isso não bastasse para transformar o velho Liceu de 170 anos numa importante página da História da Madeira, as histórias que tantos quantos ali viveram os seus tempos de estudante, as histórias de vida que ali se escreveram, os homens e mulheres que ali cresceram para a vida, seria mais do que suficiente para merecer tal honra.

 

Levar Max Römer até aos madeirenses

 

Nessa página está inscrito, também, um nome que se ligou à arte e ao património cultural da Madeira: Maz Römer, pintor de origem alemã que viveu na Madeira durante 38 anos, de 1922 a 1960 e que, à Madeira, legou uma obra que passa pela aguarela, pelo guache, pelo carvão que retrata a paisagem, os costumes, os trajos e a paisagem da ilha de forma quase incomparável.

 

Foi, certamente a grandiosidade do Liceu Jaime Moniz que chamou a atenção de Max Römer e o inspirou de tal forma que uma parte significativa da sua obra se encontra ali, dispersa no átrio de entrada, na sala do Conselho Directivo e em especial na Cantina. São frescos de extraordinária beleza, datados de 1957, que integram um grande mural que cobre toda a parte superior das paredes da Cantina, com 13,7mx9,80mx1,00. A sua temática é de inspiração regional retratando a sua ruralidade. Ali estão presentes a Florista, menina que vigia a cana-de-açúcar saboreando um pedaço, o Pesquito, o rapaz dos bois, os camponeses na sua faina, o vilão, os frutos, os legumes.

 

Uma "riqueza" que urge preservar e que merece, sem dúvida alguma, a sua divulgação. É urgente, como aliás já está prometido, transformar a cantina do velhinho Jaime Moniz num local onde a obra de Max Römer seja valorizada e mostrada aos madeirenses. Como merece.

 

Octaviano Correia

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Quinta-feira, 26 de Junho de 2008

Beber - Influência da Madeira

Com a devida vénia ao Diário de Notícias da Madeira

 

 

Aromas de madeira nos vinhos são muito apreciados, contribuindo para a sua complexidade, sabendo-se que os cascos novos chegam a transmitir aos vinhos mais de 200 mg de litro de tanino.

 

As madeiras mais usadas na arte de tanoaria são a de carvalho, Francês (Allier e Limousin), e Americano. O carvalho francês não pode ser serrado, pelo que de cada árvore apenas se aproveita 15% de madeira para tanoaria, enquanto que no americano cerca de 50% da madeira é aproveitada e pode ser serrada. Claro que o custo das barricas com carvalho francês é cerca do dobro do americano. Os aromas da madeira não devem contudo, sobrepor-se aos do vinho, mas sim aparecerem de uma forma subtil a enriquecerem na sua componente gustativa.

 

O papel da madeira ou dos cascos no vinho, para além de transmitirem compostos aromáticos e taninos, desempenham também um papel muito importante no chamado 'arredondamento' dos mesmos. Nos brancos, como o Chardonnay, dão aromas amanteigados. Sabe-se que a madeira absorve parte do vinho e incha, por outro lado seca pela superfície em contacto com o ar. Assim em cascos mais pequenos as 'quebras anuais' ou evaporações em volume são maiores, atingindo cerca de 4 a 6% nas boas adegas. Claro que este factor varia com o tipo de madeira e sua espessura para além do tamanho do casco. Quanto mais pequeno for, maior é a evaporação. A utilização de carvalho francês é a mais apreciada e a também a mais cara, obtendo-se vinhos de maior complexidade e estrutura, face à utilização de um carvalho americano onde a presença da aromas de baunilha e coco são facilmente detectáveis.

 

Em prova, as opiniões dos consumidores inclinam-se para os vinhos novos estagiados em carvalho americano, para vinhos de consumo imediato, estilo Novo Mundo. Os vinhos estagiados em carvalho francês, apesar de poderem ser consumidos novos, têm performances para maior guarda. É uma das etapas mais caras no processamento do vinho, já que uma barrica de 225 litros de carvalho Francês Allier poderá custar cerca de 850€, o que significa um incremento no custo de produção do vinho em cerca de 3,7€ por litro, só para o estágio durante 12 meses e que servirá apenas uma produção. Ou seja, só grandes vinhos poderão dar-se a este 'must', podendo este esclarecimento desmistificar alguns vinhos cujo custo é inferior ao seu próprio envelhecimento. Pelo menos na informação que indicam no contra rótulo.

 

Francisco Albuquerque

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Quinta-feira, 5 de Junho de 2008

Moinho a água é atracção em São Jorge

Com a devida vénia ao Jornal da Madeira

 

Tem mais de 300 anos e ainda funciona

 

Em São Jorge, mais concretamente no sítio da Achadinha, há uma atracção turística que tem registado a visita de muitos forasteiros. Falamos do moinho de água que tem para mais de 300 anos. Este moinho foi recuperado, no ano 2000, com o apoio do Governo Regional. Desde então, «visitam-nos turistas de toda a parte do Mundo», frisa Ana Rosa, uma das herdeiras daquele moinho e uma das pessoas que continua, diariamente, a deslocar-se até ao espaço em questão para moer o trigo ou, simplesmente, posar para a fotografia que os turistas fazem questão de tirar por forma a terem um registo para a posteridade.

 

«Eles fazem perguntas sobre como é que o moinho trabalha, tiram fotos, visitam todos os compartimentos da casa. Temos mobílias antigas e eles gostam de ver tudo», conta ainda esta senhora em declarações prestadas à "Olhar". O moinho está aberto todos os dias da semana, inclusive «aos domingos». Mas não se pense que são só os turistas que usufruem deste espaço. Os locais também procuram os serviços do moinho de água para moer o seu trigo. «Eles deixam aqui a quantidade do trigo, deixam o nome do sítio e o número de telefone. Quando está pronto, a gente liga e eles vêm buscar o seu produto», refere ainda, para logo acrescentar que o serviço é pago por maquia. De dez quilos a senhora Ana Rosa tira «um alqueire».

 

Ana Rosa diz que sempre trabalhou neste moinho desde que se lembra da sua existência. «Isto veio do meu pai e trabalho aqui desde criança», afirma. Esta senhora é de opinião que a recuperação do moinho foi um bom investimento tendo em conta a quantidade de visitantes que por ali passam. Ousa, inclusive, em nos adiantar umas frases que demonstram o quanto é importante aquele espaço para a freguesia de São Jorge:"Este moinho de águaconstruido no passado pelas pessoas antigastem muito significadovenham ver oh meus senhoreso moinho da Achadinhaele é por nós estimado"

 

Carla Ribeiro

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Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2007

Um vapor ancorado sobre uma ribeira

Com a devida vénia ao Jornal da Madeira

 

Será que alguém ainda se lembra do "Vapor". Um vapor bem diferente daqueles que hoje, quase diariamente aportam ao Funchal e que se encontrava "ancorado" sobre a Ribeira de Santa Luzia? Sobre ele oferecemos um delicioso texto assinado, na revista "Das Artes e da História da Madeira", Vol. 4, Nº 23, 1956. P.9-10, por Alberto Artur Semedo.

 

 

Entre a Ponte Nova e o Torreão, sobre a Ribeira de Santa Luzia ficava o “vapor”, essa habitação única que era um bairro em miniatura, uma república de lavadeiras presidida por uma velha vesga que sabia a vida de toda a gente, tanta roupa tinha já lavado.

 

Não que ela tivesse encargos sobre aquela irmandade, mas como uma abelha-mestra, tinham-lhe um certo respeito as outras vespas que na sua presença se abstinham um pouco de pregar brutal ferroada no crédito alheio. Mas, estava-lhes na massa do sangue a divisa da classe: ensaboar a roupa suja.

 

Uma habitação singular

 

Quem mandou fazer aquela edificação esguia de tabuado, escorado de margem a margem da ribeira, nunca se nos deu de o saber, mas talvez começasse por servir de ponte, antes de ser armada a colmeia com o seu corredor muito estreito ao centro, tendo dos lados as pequenas células independentes com vista para montante e para a foz.

 

A cor vermelha com que foi pintado dava-lhe um aspecto de casco de navio e, ou fosse por esta razão ou pelo seu formato esguio, o certo é que todos conheciam a habitação tão singular pelo nome de “vapor”.Que enormidade de coisas se arrumavam ali a dentro: uma cama velha, um baú ou caixa de pinho, uma cadeira sem costas ou de uma perna a menos, um Santo Antoninho de barro, ervas bentas pelas paredes, estampas encardidas, guitas cruzadas para dependurar roupa, um fogareiro de pedra, um tacho de folha, um cesto barreleiro, uma vassoura de palma, uma celha com água de anil, e mais.A lavadeira é uma mulher fecunda. Tinham ali uma média de cinco filhos. Os mais pequenos em fralda, muito sujos, sempre a choramingar, os maiorinhos, já de calças, mas rotas, com um cordel traçado a servir de suspensórios, não desmereciam no fraseado das suas progenitoras.

 

Os encantos da miudagem

 

Por baixo do “vapor” havia no Verão uma represa feita na ribeira com os calhaus do leito cimentados a barro, leivas e ervas raizentes dos charcos, onde se empoçava a água, que solta da comporta todas as semanas, varria para juzante as imundices acumuladas no leito.Era este açude o gáudio do rapazio. Naquela água turva do sabão, escoada das lavagens, cheia de bolhas, grossas que rebentavam só de encontro às margens, medravam eirós verde-negros, sacudindo o rabo como serpentes de água.

 

Faziam pesca deles, os rapazes, com um alfinete torto em forma de anzol, levando como isca uma minhoca que se debatia no suplício, atravessada de meio a meio.Às vezes havia regatas de celhas, sentados os garotos ao fundo delas com os pés cruzados, servindo-se das mãos bem espalmadas para remar. Se acaso abalroavam as embarcações, metendo água dentro, não havia perigo, porque eram como peixes a nadar, saindo depois dali molhados, quais pintos ao sair da casca, e o menos que os esperava era uma sova de sapato, enquanto a roupa despida enxugava ao sol.

 

Foi demolido o “Vapor” que ameaçava ruína, desconjuntado e tremente ao marulho das enxurradas de Inverno.Lavada em lágrimas vem a ribeira, mais lavado de ares ficou talvez o recanto, sem as lavadeiras.Foi-se o “vapor” como um vapor de água que se perde, e como não figura nas estatísticas do porto, recordação, a vapor assim narrada.”

 

Octaviano Correia

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Terça-feira, 6 de Novembro de 2007

Borboleta da Madeira entrou em extinção

 

Com a devida vénia ao Diário de Notícias da Madeira

 

 

É conhecida vulgarmente por 'Grande branca da Madeira' e é a primeira borboleta a ser considerada oficialmente extinta em território europeu, como resultado da acção humana.

 

A notícia foi divulgada pelo jornal britânico 'The Times', no âmbito da realização de uma conferência sobre borboletas em Laufen (Alemanha). Na reunião, os especialistas apontaram como causas do desaparecimento desta subespécie endémica do Arquipélago da Madeira, a perda de habitat devido ao aumento do índice de construção e a poluição proveniente de fertilizantes agrícolas. António Franquinho Aguiar, que tem desenvolvido um vasto trabalho na área das borboletas do arquipélago, afirmou que hipóteses apresentadas como as queimadas florestais, o pastoreio desordenado e as actividades agrícolas não explicam o desaparecimento da 'Grande branca', "até porque algumas destas actividades já estavam em diminuição na altura dos acontecimentos e outras como o pastoreio não aconteciam no seu habitat".

 

Referindo que desde os anos oitenta não existem registos de observação desta borboleta, o investigador explica que é apologista de uma justificação apresentada em 2003 e que fala da possibilidade da estirpe 'Pieris brassicae' ter sido exposta a um vírus introduzido na Madeira pela 'Pequena Branca' (borboleta que apareceu na Região em 1974). Esse vírus "pode ter originado uma infecção generalizada ao ponto de dizimar as populações da borboleta". Outra hipótese credível é a introdução natural de uma vespa parasita que, na Europa, é responsável por 95% das mortes de lagartas das borboletas 'Pieris'. Franquinho Aguiar diz que esta era uma borboleta grande, que dificilmente passaria despercebida. Também as suas lagartas eram conhecidas. "Como eram grandes e alimentavam-se várias lagartas da mesma couve, comiam uma folha em pouco tempo", explica. Embora admita a possibilidade de outras espécies de borboletas desaparecerem nas próximas décadas, por variadas razões, Franquinho Aguiar refere que no âmbito das borboletas do arquipélago "não há nenhuma espécie que se possa considerar em perigo de extinção. Até as três espécies endémicas têm populações estáveis e não estão por isso ameaçadas". Ao nível mundial, a situação é mais preocupante.

 

Catálogo das Borboletas

 

Após a obra em colaboração, Guia das Borboletas do Parque Ecológico do Funchal, Franquinho Aguiar está a preparar a edição de um catálogo das borboletas do Arquipélago da Madeira. Este será o primeiro número de uma série de catálogos sobre a fauna entomológica (insectos) do arquipélago que deverão ser publicados nos próximos anos. Depois das borboletas será editado um livro sobre coleópteros (besouros ou escaravelhos). As edições serão financiadas pela Câmara do Funchal.

 

Grande branca da Madeira

 

- Nome vulgar: Grande Branca da Madeira;- Nome científico: Pieris brassicae wollastoni;- Família: Pieridae;- Distribuição e habitat: Endémica da Madeira; Até 1950 esta borboleta foi referenciada sempre a altitudes superiores a 650m, incluindo a laurissilva húmida que se estende até aos 1.200m. A partir desta data, começa a voar também a altitudes inferiores, em zonas agrícolas onde as suas lagartas são encontradas a se alimentarem de couve;- Descrição: Espécie de grandes dimensões, com envergadura de 55 a 65 milímetros. Asas anteriores com fundo alar branco puro e ápices com ampla ponta negra;- Estatuto de conservação: Em tempos muito espalhada, mas agora extinta provavelmente desde meados dos anos 80. Os últimos exemplares foram observados em Maio de 1977 na Encumeada e no Paul da Serra.

 

Ana Luísa Correia

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Quarta-feira, 10 de Outubro de 2007

3.225 passageiros na estreia

“Navigator of the Seas”, da Royal Caribbean, fez ontem a primeira de quatro escalas previstas para o Funchal

 

Com a devida vénia ao Jornal da Madeira

 

Chegou ontem, por volta das 12 horas, naquela que foi a primeira de quatro escalas no porto do Funchal. O “Navigator” é o quarto navio da classe e está entre os maiores paquetes do mundo, com 138 mil toneladas de arqueação bruta. 

 

 

O “Navigator of the Seas”, da Royal Caribbean, fez ontem a sua estreia no Funchal, trazendo a bordo 3.225 passageiros, na sua grande maioria, de nacionalidade inglesa (3.066). Foi a primeira de três escalas em viagens de cruzeiro desde Southampton com destino a Tenerife, agenciado pela empresa J.F. Martins. Uma quarta visita está programada para a viagem transatlântica de regresso às Caraíbas, onde este navio da classe “Voyager of the Seas” vai operar depois de ter estado baseado este Verão no porto inglês de Southampton.

 

No porto, uma “comitiva de boas- vindas”, composta por elementos da Administração de Portos e do Clube de Entusiastas de Navios (CEN), aguardava a chegada do navio. Para surpresa destes últimos, o comandante do “Navigator” é o mesmo que, em 1998, tripulava o “Virgin of the Seas”, então escolhido para a realização do primeiro cruzeiro do Clube, que juntou 40 pessoas. Trata-se de Otto Bang, que já na altura havia assinado o livro de honra do CEN, tendo voltado a fazê-lo, agora, na qualidade de comandante deste navio. Recebeu ainda um DVD e um livro sobre a Madeira e ainda uma placa alusiva à escala.

 

Recorde-se que o “Navigator” é o quarto navio da classe e está entre os maiores paquetes do mundo, com 138.000 toneladas de arqueação bruta e capacidade para 3.114 passageiros, em ocupação dupla. O primeiro paquete da classe “Voyager” foi construído na Finlândia pelos actuais estaleiros Aker Finnyards, ex-Kvaerner Masa Yards, ex-Wartisla, tendo sido entregue em Novembro de 1999 à Royal Caribbean. Seguiram-se as entregas dos gémeos “Explorer of the Seas” em Agosto de 2000, “Adventurer of the Seas” em Outubro de 2001, “Navigator of the Seas”, em Novembro de 2002 e “Mariner of the Seas” em Dezembro de 2003.

 

Neste espaço, o JM já deu conta de que o último trimestre de 2007 é o que regista maior número de estreias de navios de cruzeiro na ilha da Madeira. É o caso do “Spirit of Adventure”, ex-“Berlin” da Peterdeilman, que regressa à Madeira a 17 de Outubro com as cores do grupo “Saga Holiday”.“Ocean Village II”, “Carnival Freedom” (ambos a 3 de Novembro), “Jewel of the Seas” (4 de Novembro), “Jules Verne” (19 de Novembro), “MSC Orchestra” (1 de Dezembro), “Costa Serena” (3 de Dezembro), “Star Princess” (13 de Dezembro), “Delphin Voyager” (20 de Dezembro) e “Queen Victoria” (28 de Dezembro), visitam também pela primeira vez a Madeira ainda este ano.Para 2008, estão previstas muitas outras novidades.

 

Celso Gomes

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Terça-feira, 25 de Setembro de 2007

Jardins ricos e vulneráveis

Há quintas madeirenses, com unidades hoteleiras, cuja riqueza florística permite que desenvolvam o conceito de hotéis botânicos. Existem outras com condições para funcionar como colecções botânicas privadas

 

Com a devida vénia ao Diário de Notícias da Madeira

 

 

Trinta e três espaços verdes do Funchal foram objecto de uma tese de doutoramento. Inventariar a flora ornamental, conhecer as espécies, a sua origem, detectar as que estão ameaçadas e contribuir para que os jardins evoluam, no sentido de áreas privilegiadas de formação ecológica e de educação ambiental, constituem alguns dos objectivos da investigação. Árvores, arbustos e pequenas plantas de parques, jardins, quintas e cemitérios foram inventariados entre 2002 e 2005. Nos espaços verdes estudados identificaram-se 194 famílias, 901 géneros e 1928 'taxa' (1771 espécies, 32 subespécies, 40 variedades e 85 híbridos). Os resultados revelam uma "elevadíssima fitodiversidade, mas simultaneamente uma enorme vulnerabilidade florística", afirma o autor, Raimundo Quintal. A tese, intitulada 'Estudo Fitogeográfico dos Jardins, Parques e Quintas do Concelho do Funchal' foi apresentada em Julho, na Universidade de Lisboa, tendo sido aprovada com Distinção e Louvor. O júri aconselhou a sua publicação. Entre as quintas privadas estudadas estão a Quinta do Palheiro Ferreiro, com "a maior riqueza florística (631 espécies)", a Quinta Monte Palace (484 espécies), a Quinta Palmeira (414 espécies) e a Quinta Jardins do Imperador (284 espécies). As quintas que funcionam como espaços públicos, geridos pelo Governo Regional, foram também alvo de estudo, nomeadamente a Quinta Magnólia, a Quinta Vigia, a Quinta das Cruzes, assim como o Parque de Santa Catarina, o Jardim Municipal, o Parque Municipal do Monte e jardins de unidades hoteleiras. Neste último caso, foram seleccionados os jardins do Hotel Savoy e os do Hotel Reid's, "uma preciosidade como unidade paisagística e em termos de riqueza florística", comenta Raimundo Quintal. Os espaços ajardinados do Pestana Village, do Hotel Cliff Bay e Pestana Casino Park integram também o estudo, "atendendo a que, para além da introdução recente de espécies, há algumas árvores que se mantiveram das antigas quintas Pavão, Vigia e Bianchi". Da investigação faz parte também o Cemitério de São Martinho e o Cemitério Inglês com o objectivo de perceber, através da flora ali existente, a influência cultural, diz o autor. Para cada um dos 33 espaços seleccionados foram inventariadas todas as espécies e cartografadas à escala do canteiro, assim como foi elaborado um elenco florístico de cada um, no sentido de determinar a sua riqueza. As espécies foram analisadas, entre outros aspectos, consoante o porte, a origem, o regime fenológico (folheação e floração) e estudado o índice de rusticidade (temperatura mínima que suportam).

 

A propósito da proveniência das espécies existentes, Raimundo Quintal diz que "é possível concluir que 64 a 66% da flora dos jardins do Funchal tem origem tropical e subtropical, enquanto 30 a 32% provém das regiões de clima temperado". Perante os resultados adianta que muitas das plantas foram introduzidas pelos emigrantes. "Há uma correlação positiva entre as regiões de origem das plantas e os países onde vivem as comunidades madeirenses. Muita da riqueza existente tem a ver com esse movimento, que tem sido esquecido, mas que é uma realidade". Na perspectiva do investigador, a forte componente Neotropical depende das sementes, estacas e mudas trazidas pelos emigrantes madeirenses desde a Venezuela ou do Brasil, enquanto a representação da flora Áfricotropical não pode ser explicada sem a participação activa dos emigrantes na África do Sul ou das pessoas que viveram em Angola e Moçambique. A tendência para trazerem e levarem plantas foi confirmada durante a investigação, diz Raimundo Quintal. Como exemplo refere o comendador José Berardo ao trazer as "cicas" da África do Sul para a ilha. "Como emigrante com sucesso pôde trazer em quantidade plantas que gostou. Com essa atitude praticou o comportamento habitual de outros madeirenses que, com menos posses, traziam na mala ou nos bolsos pequenas plantas, sementes, bolbos e estacas". Actualmente - diz - "este comportamento tende a esbater-se com a globalização do negócio das plantas, importando-se as que estão em moda nos grandes mercados internacionais".

 

Raimundo Quintal considera que esta situação "está a criar algo indesejável, que é a normalização. Vai retirar a identidade que existia, porque as plantas que estão a ser introduzidas nos jardins mais recentes, quer em hotéis, quer em espaços públicos, fazem com que não se distingam dos que os turistas observam nas Canárias e em muitas regiões do Mediterrâneo". Mas se os madeirenses emigrados foram e são responsáveis pela introdução de imensas plantas ornamentais, "não é menos verdade que as famílias inglesas contribuíram de forma muito significativa para a riqueza florística dos espaços verdes do concelho do Funchal", afirma o investigador, apesar de salvaguardar que a influência dos ingleses na introdução de plantas na ilha "não tem o peso que se tem afirmado. Fala-se em pessegueiro-inglês e tomateiro-inglês, mas nenhuma dessas plantas é originária da Inglaterra e duvido que tenham vindo para quintas inglesas". Explica que nas muitas quintas construídas no Monte, Palheiro Ferreiro, Camacha e Santo da Serra, a partir da segunda metade do século XVIII, foram introduzidas espécies da flora temperada, com o objectivo de recriar as paisagens britânicas. Entre os 500 e os 700 metros de altitude, as mudanças de cor, o nascimento e a perda das folhas das árvores caducifólias marcam as estações do ano. Nos jardins da beira-mar, onde predominam as plantas dos climas tropicais e subtropicais, as cores da paisagem ao longo do ano dependem essencialmente dos diferentes regimes de floração.

 

Mas se a riquíssima fitodiversidade é evidente, há também, conforme revela o estudo, uma grande vulnerabilidade taxonómica. Raimundo Quintal explica que dos 1928 'taxa' que integram o Elenco Florístico dos 33 espaços verdes estudados, 818, ou seja 42,4%, apenas ocorrem num dos espaços e 254 (13,2%) só estão representadas por um indivíduo, "o que significa que muito facilmente poderão desaparecer". Atendendo a esta situação crítica, considera necessário a criação de uma equipa de trabalho com o objectivo de multiplicar e preservar as espécies ameaçadas. Entre as conclusões apresentadas refere que "apenas 23 espécies aparecem em mais de 75% dos espaços verdes estudados. As mais marcantes são o jacarandá ('Jacaranda mimosifolia'), a sumaúma ('Chorisia speciosa'), a planta dos dentes ('Plumeria rubra') e a chama da floresta ('Spathodea campanulata'). São árvores de flores espectaculares que são estruturantes na arquitectura e essenciais na imagem dos jardins subtropicais". Segundo a tese, as duas espécies mais frequentes nos jardins do Funchal são a palmeira das Canárias e o cardeal. Realça também a presença muito frequente de espécies da Madeira, como o til ('Ocotea foetens'), o dragoeiro ('Dracaena draco ssp. draco'), o barbusano ('Apollonias barbujana') e os massarocos ('Echium candicans e Echium nervosum'). "Isso revela o bom hábito da utilização das espécies indígenas. É uma marca positiva", destaca o geógrafo. Os espaços verdes estudados - afirma- "além do contributo para a imagem do Funchal como Cidade Jardim, funcionam como repositórios de flora exótica e indígena, garantindo a conservação 'ex situ' de espécies ameaçadas na Natureza. Como exemplos temos o dragoeiro ('Dracaena draco ssp. draco') e o mocano ('Pittosporum coriaceum'), uma árvore endémica da Madeira, extremamente rara nalgumas ravinas no norte da ilha, que sobreviveu nas quintas Monte Palace, Jardins do Imperador e Palheiro Ferreiro".

 

O autor do estudo evidencia também a importância dos espaços verdes para o turismo. As quintas - conforme salienta - constituem um importante nicho na oferta turística da ilha. "Os números referentes às entradas pagas na Quinta Monte Palace e na Quinta do Palheiro Ferreiro permitem concluir que são visitadas por cerca de 25% dos turistas que entram na Madeira", mas apesar desta afluência a maioria "usufrui dos espaços verdes de forma passiva". A propósito Raimundo Quintal considera que a Quinta do Palheiro e a Estalagem Jardins do Lago possuem condições para desenvolver o conceito de hotel botânico, onde para além do lazer o hóspede poderia usufruir de informação circunstanciada sobre flora e ter a possibilidade de fazer férias activas, participando nas tarefas de conservação e enriquecimento da formação vegetal. Poderiam ter pequenos cursos de jardinagem, associar-se aos trabalhos o que criaria uma certa fidelidade, atendendo a que as pessoas gostam de ver o resultado do que plantaram. Por outro lado, diz que há três quintas que, não integrando hotéis, possuem uma riqueza florística que lhes permite desenvolver o conceito e integrar a rede internacional de colecções botânicas privadas: a Quinta do Monte Palace, a Quinta Palmeira e a Quinta Jardins do Imperador. "A primeira já iniciou esse percurso necessitando, no entanto, de melhorar os conteúdos informativos. A Quinta Palmeira e a Quinta Jardins do Imperador têm um caminho mais longo a percorrer, quer nos trabalhos de manutenção, quer na produção de informação. A primeira, situada entre 200 e 300 m de altitude, possui espécies que não existem em nenhum outro local. O seu património florístico ultrapassa as 400 espécies, algo muito semelhante ao património inventariado para o jardim Tropical em Lisboa". O estudo levou à criação de uma base de dados que abarca 95% das espécies da flora ornamental existente na Madeira e pode ser actualizada constantemente para cada jardim e para o conjunto dos 33 espaços. Possibilita, conforme refere, verificar em tempo real o que é introduzido e o que desaparece. Entre os objectivos já enunciados a tese permite também disponibilizar informação para que utentes e gestores dos espaços verdes conheçam as características fitogeográficas e o valor ecológico das espécies e para que possam melhor preservá-los.

 

Bilhete de Identidade

 

Nome: Raimundo Quintal

 

Data de nascimento: 6-10-1954

 

Naturalidade: São Martinho, FunchalPercurso académico e profissional: Licenciatura em Geografia pela Universidade de Lisboa em 1981. Doutoramento em Geografia, especialidade em Geografia Física, pela Universidade de Lisboa, concluído a 20 de Julho de 2007. Foi professor de Geografia na Escola Secundária Francisco Franco desde o ano lectivo1985/86 e assistente convidado do Departamento de Educação da Universidade da Madeira no ano lectivo 2001/2002. Presidiu o Clube de Ecologia Barbusano desde a sua fundação em 1988, até 1994. De Outubro de 1981 a Julho de 1986 e Outubro de 1990 até Fevereiro de 1993 foi coordenador do suplemento Cidade/Campo, sobre temas de Urbanismo e Ambiente, no Diário de Notícias do Funchal.

 

É autor de várias obras e de numerosos artigos de Ecologia, Biogeografia e Educação Ambiental publicados em jornais e revistas. Realizou documentários, da sua autoria, sobre património natural e cultural, exibidos em televisões nacionais e internacionais. De Outubro de 2002 a Junho de 2003, criou e apresentou programa semanal sobre Educação Ambiental na RDP- Madeira. Vereador do Pelouro do Ambiente, Educação e Ciência, de Janeiro de 1994 a Janeiro de 2002, promoveu a vertente educativa das questões ambientais. Entre os projectos de conservação da natureza, de requalificação paisagística e de educação ambiental que liderou está criação do Parque Ecológico do Funchal e o Galardão de Ouro das Cidades e Vilas Floridas da Europa. É sócio fundador da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal e presidente da direcção desde Fevereiro de 2002. É membro do Conselho Consultivo das Ilhas da 'Seacology Foundation', com sede em Berkeley, nos EUA. Teresa Florença

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Terça-feira, 18 de Setembro de 2007

Símbolos do Funchal em livro

Com a devida vénia ao Jornal da Madeira

 

Um estudo sobre os símbolos da Cidade do Funchal, da autoria das docentes universitárias Fátima Abreu e Uriana Gaspar, irá ser editado em livro. A edição da obra estará a cargo da Comissão Executiva dos 500 anos da Cidade do Funchal.

 


O brasão e a bandeira da Cidade do Funchal foram objecto de estudo pelas professores universitárias Fátima Abreu e Uriana Gaspar. O estudo, ontem apresentado na Câmara Municipal do Funchal para a população menos jovem do concelho, irá resultar num livro a editar pela Comissão dos 500 anos da Cidade do Funchal.A publicação da obra está prevista para 2008, ano em que oficialmente se assinala o aniversário da cidade.Tanto o brasão como a bandeira, realçou ontem Fátima Abreu, estão relacionados com a economia regional designadamente com a produção da cana-de-açúcar. «No tempo em que a simbologia se foi construindo, o Funchal era de facto o pólo de dinamismo da economia do arquipélago. Nessa medida, faz todo o sentido que exista (no brasão da cidade) este retrato da ilha e da sua economia», referiu.

 

Antes de 1936, a constituição do brasão tinha o açúcar e a vinha retratados, «mas não havia esta sobrecarga de elementos». Aos elementos inicialmente existentes, foram acrescentadas as quinas de Portugal, que «vieram “espremer” os cachos das uvas. As uvas em cima dos escudos significam domínio: do Estado, da Nação», explicou. Na opinião desta historiadora, «o açucar foi sempre tido como o período mais importante da história». Já a bandeira da cidade, até 1936, tinha a mesma cor da bandeira nacional (branco), mas com o nosso brasão. A partir dessa data, «determinou-se que cada cidade ou vila teria a sua própria simbologia e a sua própria bandeira». Neste âmbito, Fátima Abreu refuta a ideia de que se tenha perdido a simbologia da Nobreza. No seu entender,«a Nobreza está presente nas cores da bandeira actual, porque o amarelo representa o ouro e o púrpura lealdade». De realçar que a conferência de ontem inseriu-se no programa de actividades formativas desenvolvidas pela autarquia funchalense. Uma das próximas acções, salientou ontem a vereadora da CMF Rubina Leal, é de carácter inovador. Trata-se de um curso de Primeiros-Socorros dirigido aos menos jovens. Esta iniciativa decorrerá no mês de Outubro no edifício dos Bombeiros Municipais do Funchal.

 

Odília Gouveia

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Quinta-feira, 13 de Setembro de 2007

O Comboio do Monte e o elevador do Bom Jesus

Com a devida vénia ao Jornal da Madeira

 

Talvez não tenha sido por acaso que parte do material do Comboio do Monte, após os seu desmantelamento, tenha ido parar a Braga. Quem sabe o nome de Raul Mesnier Ponsard, engenheiro, possa ter alguma relação com essa viagem?

 

Muito se tem falado e escrito sobre o célebre comboio do Monte que, até 1943, resfolgou vapores pela Rua do Comboio, a caminho do Terreiro da Luta, transportando turistas e madeirenses.Muitos são os que se interrogam para onde foi o material do comboio após o seu desmantelamento. Hoje, a "Olhar" mais do que levantar uma ponta do véu, lança um desafio a quem possa fornecer mais dados sobre o destino da "sucata" a que foi reduzido um dos mais populares meios de transporte de outros tempos no Funchal.

 

 

Uma rua chamada Caminho de Ferro

 

O Comboio do Monte, também conhecido por elevador ou ascensor foi, sem sombra de dúvidas, um grande contributo para o desenvolvimento da freguesia do Monte, que viria a ser a mais conhecida estância turística da Madeira. Os estudos para o Comboio do Monte foram feitos em 1886, pelo engenheiro Raul Mesnier Ponsard. Apesar da relutância dos madeirenses em contribuir com capital para a formação da Companhia do Caminho-de-Ferro do Monte, o primeiro troço, entre o Pombal e a Levada de Santa Luzia, foi inaugurado a 16 Julho de 1893. A ideia para a construção de um elevador ou caminho de ferro partiu de António Joaquim Marques (de Lisboa), que obteve o consentimento da Câmara do Funchal em 17 de Fevereiro de 1887. Com uma paragem à porta do Monte Palace Hotel, o comboio continuava até ao apeadeiro do Largo da Fonte, que era o fim da linha. Mais tarde, a linha-férrea foi prolongada até ao Terreiro da Luta ficando, no total, com uma extensão de 3850 metros.

 

A explosão que "quase matou" o comboio

 

A 10 de Setembro de 1919 deu-se uma explosão na caldeira, de uma locomotiva, quando o comboio subia em direcção ao Monte. Deste acidente resultaram 4 mortos e muitos feridos. Devido a este desastre, as viagens foram suspensas até 1 de Fevereiro de 1920. A 11 de Janeiro de 1932, aconteceu novo desastre, desta vez por descarrilamento. A partir de então, turistas e habitantes viraram as costas ao caminho de ferro, considerando-o demasiado perigoso. Aliando este facto à II Guerra Mundial, que se iniciou entretanto, verificou-se uma falta de turistas na Madeira e a Companhia do caminho de ferro entrou em crise; a última viagem do comboio realizou-se em Abril de 1943 e a linha foi logo desmantelada. Parte do material resultante do desmantelamento, nomeadamente os carris, foi para a sucata e parte foi utilizado na reparação do elevador do Bom Jesus, em Braga.

 

Do Funchal para Braga

 

O Elevador do Bom Jesus, é um funicular que liga a parte alta da cidade de Braga ao Santuário do Bom Jesus do Monte.

 

O elevador segue um percurso paralelo a uma escadaria monumental conhecida como Escadórios do Bom Jesus e termina na sua parte superior junto à estátua equestre de São Longuinhos.

 

O elevador funciona sobre uma rampa e é constituído por duas cabines independentes, ligadas entre si por um Sistema funicular.O seu funcionamento baseia-se no sistema Contrapeso de Água. As cabines têm um depósito que é cheio de água, quando estão no nível superior, e vazio no inferior. A diferença de pesos obtida permite a deslocação. No elevador do Bom Jesus, a quantidade de água é calculada em função do número de passageiros que pretendem efectuar viagem em cada sentido.

 

Onde Mesnier aparece de novo

 

Inaugurado em 25 de Março de 1882, a sua construção foi iniciada em Março de 1880. O Elevador do Bom Jesus, em Braga, constituiu o primeiro funicular construído na Península Ibérica. A iniciativa da sua construção deveu-se ao empresário bracarense Manuel Joaquim Gomes (1840-1894) e a direcção do respectivo projecto foi do engenheiro suíço Niklaus Riggenbach. Este, que a partir do seu país natal enviava todas as indicações necessárias para a construção do Elevador, contou com a imprescindível colaboração técnica e prática do engenheiro português de ascendência francesa Raul Mesnier du Ponsard, que em Braga dirigiu a execução do projecto. O Elevador do Bom Jesus é actualmente o mais antigo do mundo em serviço a utilizar o sistema de contrapeso de água.

 

O seu impacte foi de tal ordem que logo nesse mesmo ano, se constituiu em Lisboa a Companhia dos Ascensores, que convidou Raul Mesnier para projectar e instalar na capital uma série de elevadores - Glória, Bica, Santa Justa, etc , uma parte dos quais ainda hoje se encontra em funcionamento.

 

Raul Mesnier Ponsard

 

Raul Mesnier Ponsard nasceu no Porto, São Nicolau, em 2 de Abril de 1848 e faleceu em Inhambane, Moçambique, em 1914. Português, de origem francesa, formou-se na Universidade de Coimbra em Matemática e Filosofia e na França em Engenharia Mecânica, percorrendo a Suíça e a Alemanha onde frequentou as principais escolas-oficina, contactando com os maiores projectistas e fabricantes de material ferroviário de transporte. Ficou conhecido por ter construído muitos elevadores, e funiculares em Portugal.Como engenheiro de obras públicas foi projectista de sistemas de elevadores de transporte público em Braga (Elevador do Bom Jesus), Porto (Funicular dos Guindais), Lisboa (elevadores de Santa Justa, Glória, Bica, Lavra), Nazaré (Elevador da Nazaré) e do comboio do Monte, no Funchal.

 

Octaviano Correia

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Terça-feira, 11 de Setembro de 2007

"Há um novo paraíso no Atlântico"

Com a devida vénia ao Jornal da Madeira

 

Os mais antigos não devem conhecer - ou até saber pronunciar - o nome canyoning. Mas se lhes falarmos de - descidas de ogaje, devem associar aos montanhistas e cabreiros que desciam as ribeiras madeirenses. Antes por necessidade, agora por desporto, o canyoning está na moda e a Madeira tem um potencial a explorar. Para muitos estrangeiros praticantes, há um novo paraíso no Atlântico.

 

No ponto de vista de um dos impulsionadores da modalidade na Região, há que criar legislação específica para a prática das descidas de ribeira, com a definição de regras claras. Entretanto, Rui Nelson descreve à Olhar a experiência de descer uma ribeira, com os sons da água e o cheiro da natureza como companhia

 

 

As ribeiras e cascatas madeirenses são mais do que cursos de água. Cada vez mais são usadas para a prática de um desporto radical que está na moda. O canyoning é uma modalidade com vários anos de existência na Madeira que se possibilita descidas vertiginosas pelas águas transparentes do interior da ilha, com a beleza verdejante como testemunha daqueles que, durante vários anos, têm vindo a se aventurar por este tipo de trilhos, quer seja por aventura quer seja por necessidade. Antes, o canyoning dava pelo simples nome de "descida de ribeiras" ou, um termo mais regional, "descida de ogajes".

 

Antigamente, esta prática era comum por parte dos montanhistas e cabreiros, homens que tratavam do gado pelas serras e que tinham de seguir os trilhos das cabras para as manter unidas. Com a saída destes animais das serras, as descidas de ogajes perderam o seu sentido prático, mas ganharam adeptos, aventureiros que gostam de aliar a aventura ao ar livre.Apesar de só agora estar na moda e na boca do mundo, foram vários os madeirenses que nos últimos anos se embrenhavam no interior da ilha para se aventurarem nestas descidas, como era o caso do cardiologista Alivar Cardoso, já falecido. "Das pessoas mais antigas que já ouvi falar, foi do dr. Cardoso, que descia o Ribeiro Frio já há muitos anos atrás", salienta Rui Nelson, do Clube Naval do Seixal, entidade que recentemente organizou um encontro internacional de canyoning na Madeira, que diz que este desporto tem futuro na Região, em termos de potencial turístico.

 

É necessário criar legislação para a modalidade

 

Contudo, chama a atenção para a necessidade de ser criada legislação regional para a modalidade, com vista ao estabelecimento de regras não só para os praticantes mas também para a defesa dos vários lugares que permitem descidas de aventura nas várias cascatas da Madeira. A seu ver, há que respeitar a história das descidas de ogajes, os primeiros "ogajeiros", os lugares e os seus nomes e que definir na lei quais as ribeiras que podem ser usadas para as descidas.

 

De momento, o Clube Naval do Seixal e as agências interessadas nesta modalidade de aventura estão a dialogar com as entidades regionais, como é o caso da Direcção Regional das Florestas e da Direcção Regional do Ambiente, com o objectivo de serem criadas regras para esta prática e para a segurança de quem a faz. "Como estamos no início, e se trabalharmos todos para o mesmo fim, penso que teremos uma modalidade que também vá caracterizar a Madeira, como um cartaz turístico que já está feito e que não tem concorrência. Só temos de o organizar", sublinha este impulsionador do canyoning.

 

Salientando que o Clube Naval do Seixal abraçou esta modalidade por estar ligada à água e por ser naquela freguesia que se encontram "as melhores cascatas da Madeira", Rui Nelson explicou que uma descida de ogaje para um iniciado é difícil. "A maior parte das nossas cascatas são extensas e não é qualquer um que as consigam descer", comenta. Contudo, "o potencial para pessoas que são especialistas ou que têm formação nesta área é muito grande". A Madeira está a ganhar nome internacional no que se refere a esta oferta, de descidas de ribeiras. Rui Nelson salienta que "um dos melhores lugares do mundo para esta prática é na Ilha de Reunião, no Índico".

 

Mas, muitos estrangeiros começam a conhecer a potencialidade da nossa ilha e estão a passar a palavra de que "há um novo paraíso no Atlântico, que é a Madeira, para este desporto de aventura".

 

 

Formação é muito importante

 

Não só a pensar nos turistas mas também nos madeirenses, o Clube Naval do Seixal - bem como outros clubes regionais que estão a apostar no canyoning - está a incidir na formação. Até ao momento, já realizou três cursos de formação, que fornecem ao formando o cartão da Federação Nacional de Montanhismo. Mais cursos serão ministrados, divulga ainda. O Clube Naval do Seixal conta actualmente com cerca de 30 praticantes da modalidade, de várias idades.

 

Rui Nelson recorda ainda que o último encontro internacional de canyoning realizado pelo Clube Naval do Seixal teve "uma projecção enorme nos sites espanhóis, franceses e alemãs", nomeadamente. Com os primeiros passos a serem dados para o reconhecimento internacional, o entusiasta adianta que será organizado um novo evento no próximo ano. O Clube já está a ser contactado por vários montanhistas do Brasil, França, Espanha. "Há uma grande afluência em virem para cá. Neste momento, as fotografias da Madeira começam a aparecer nos sites internacionais. Começa-se a revelar que temos potencial".De qualquer modo, Rui Nélson chama a atenção: "nós não estávamos nem estamos preparados ainda para desenvolver a modalidade na Madeira. As infra-estruturas já estão feitas, que é a própria natureza, mas é preciso definir em termos de legislação, como é que é feito o canyoning na Madeira, se devemos dar conhecimento - e a quem - de que vamos fazer descidas de ribeiras, por exemplo".

 

Livro francês vai colocar canyoning madeirense na boca do mundo

 

Com a ausência de legislação portuguesa, os madeirenses optaram por seguir o que define as lei francesa sobre a modalidade. A propósito, o membro do Clube Naval do Seixal salienta que será editado no próximo ano um livro sobre o canyoning da Madeira, por um autor francês. "Ele está a fazer um levantamento sobre os canyonings da Madeira e refiro que se deve ter cuidado em manter os nomes originais das ribeiras, como os nossos antepassados - os cabreiros - chamavam, não usar estrangeirismos para as nossas ribeiras e veredas".

 

Com esse livro, Rui Nelson acredita que haverá uma "enorme projecção" da Madeira tendo em conta que a obra será lançada internacionalmente. É necessário pensar em termos futuros, com o aumento de visitantes específicos para a prática desta modalidade. De momento, a procura já dá sinais de crescimento. "Todas as semanas temos pessoas a nos contactar do estrangeiro interessadas em cá vir para fazer canyoning. Neste momento, se alguém quiser descer ribeiras, a que está a ser usada para esse fim, e devidamente preparada, é a do Ribeiro Frio. É uma zona muito acessível até para os iniciados, porque tem cascatas pequenas e que está já a ser comercializada como produto para esta modalidade. Muitas agências já usam esta ribeira como uma oferta para o canyoning".

 

Quanto a outras cascatas, Rui Nelson diz que são mais difíceis, mas que são aliás as que terão maior procura por parte dos canyonistas especializados. De uma vasta lista, e de acordo com a página da internet http://canyoningmadeira.blogspot.com/, o canyoning pode ser praticado nas Ribeiras do Seixal, na Ribeira Funda, da Hortelã, do Alecrim, das Cales, da Pedra Branca, da Água Negra, do Inferno, entre muitas outras.

 

Neste sítio da net, o responsável informa a necessidade de pedir autorização à Direcção Regional de Florestas para a prática da modalidade.

 

Madeira tem de gerir melhor canyoning do que fez com surf

 

Noutro âmbito, o nosso entrevistado, Rui Nelson, diz que a Madeira tem de saber gerir a oferta deste desporto de aventura, de modo a que não aconteça o mesmo que aconteceu ao surf, que perdeu o seu mercado. "Temos de ter os devidos cuidados e penso que os vamos ter".

 

Apontando o exemplo dos Açores que não tendo qualquer historial de canyoning, preparou uma equipa para estudar as potencialidades da modalidade, Rui Nelson considera que essa ideia deveria ser analisada pela Madeira. "Mas temos de perceber quais as potencialidades que temos e organizá-las à nossa maneira, com o apoio de alguém de fora. Acho completamente certo ir lá fora ver o que está a ser feito, em lugares que vivem economicamente dos desportos de aventura e da natureza e trazer as pessoas certas para nos ajudarem a fazer um plano de desenvolvimento para esta modalidade na Região", defende.

 

Com ou sem estudos ou regras, a verdade é que o canyoning - ou as descidas de ogajes - já está em crescimento na Madeira, quer para os turistas quer para os madeirenses. Com a devida formação, Rui Nelson descreve a sensação de descer uma ribeira: "já houve ogajes e que eu tive de parar, fechar os olhos e ficar ali apenas a sentir. Acreditava que a experiência seria boa, mas ao fazê-la, ao sentir os sons e os aromas da nossa floresta, há uma troca de energias entre o homem e a natureza à qual aconselho as pessoas a experimentarem".

 

Paula Abreu

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Segunda-feira, 21 de Maio de 2007

Gestão privada dos espaços naturais é opção que agrada a ambientalistas

Com a devida vénia ao Diário de Notícias da Madeira

 

Domingos Abreu e Rocha da Silva defendem a estratégia; Raimundo Quintal tem algumas reservas ; Manuel António diz que é cedo para falar.

 

Jardim Botânico e Reserva do Garajau figuram entre as áreas apresentadas como passíveis de privatizar

 

 

Mais desenvolvimento, sustentabilidade, lucro e novas áreas de negócio. Estes são os atractivos que justificam, no entender de Domingos Abreu, a associação de empresas privadas à gestão de espaços naturais protegidos. A ideia não "choca" o director regional do Ambiente e é do agrado de Rocha da Silva, governante com a tutela das Florestas, mas não deixa por isso de ser, nas palavras de Domingos Abreu, um tema fracturante."Quem se dedica à conservação da natureza tem um olhar desconfiado sobre a iniciativa privada", afirma o tutelar da pasta do Ambiente, cuja defesa da privatização é, enfatiza, "uma opinião pessoal".

 

Resultado da evolução do pensamento conservacionista, a conexão dos projectos de preservação com planos de desenvolvimento direccionados para a melhoria da qualidade de vida das populações que coexistem com os espaços naturais é hoje uma tendência internacional."A questão não se reduz à privatização, mas sim à possibilidade de esses espaços poderem gerar riqueza e uma melhor economia", acautela Rocha da Silva.

 

Na prática, a gestão privada das áreas protegidas representa, para Domingos Abreu, um grande potencial para a utilização sustentável dos recursos naturais, abrindo novos nichos ao investimento económico em sectores importantes para a Região, como é o caso do turismo.

 

Entre os sectores de negócio passíveis de dinamização, o director regional do Ambiente coloca o pequeno comércio, o alojamento e a oferta gastronómica associada aos valores naturais e culturais, tais como a gastronomia regional.

 

Domingos Abreu diz ainda que as entidades públicas com responsabilidade na gestão dos espaços naturais protegidos não têm capacidade para dinamizar o investimento, uma que vez a sua natureza está mais vocacionada para a investigação e para a gestão preventiva.

 

"Neste sentido, seria perfeitamente compatível que a administração pública continuasse a assegurar o seu papel regulamentador e fiscalizador, deixando os privados intervirem nas actividades em termos do investimento", explica.

 

Ao defender a introdução da gestão privada na gestão das áreas protegidas, Domingos Abreu faz questão de esclarecer que não é apologista de "uma abertura selvagem desses espaços ao público", considerando que a opção implicaria um plano de ordenamento e regras de gestão para obrigar os gestores privados a assegurarem os valores fundamentais da conservação natural.

 

Contudo, não obstante a cautela do director regional, Manuel António Correia, secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais, considera que é cedo para falar no assunto, sobretudo numa altura em que o Governo ainda não tomou posse.

 

GARAJAU E JARDIM BOTÂNICO PASSÍVEIS DE PRIVATIZAÇÃO

 

Quando se fala em entregar a gestão de espaços naturais a privados, a Reserva Marítima do Garajau é das primeiras sugestões apontadas por Domingos Abreu."Não vejo o que a Reserva perderia na conservação de espécies, e mesmo dos meros, se fosse gerida por um particular ou por um consórcio que envolvesse os agentes económicos que mais exploram o 'cluster' mar e litoral na zona", afirma o director regional do Ambiente.

 

Embora não assuma tão peremptoriamente a defesa da entrada de particulares na gestão de áreas naturais, Raimundo Quintal "não via com maus olhos uma gestão privada do Jardim Botânico da Madeira", desde que "os concursos fossem muito bem blindados, de modo a não permitir que a gestão ponha em risco o património natural e cultural desses espaços".

 

O geógrafo remete as suas reservas para a capacidade dos privados em cumprirem com os propósitos de conservação de natureza, quando o seu objectivo último é o lucro.

 

A título de exemplo, Raimundo Quintal indica os casos de espaços não protegidos - entre eles, a Quinta Jardins do Imperador - entregues a privados que, com o passar do tempo, se demitiram das suas responsabilidades na área da preservação das áreas concessionadas.

 

Acesso restrito ao ambiente serviu "bandeiras pessoais

 

"Ao lado de Domingos Abreu no que toca à defesa da introdução de empresas privadas na gestão de espaços naturais protegidos, Rocha da Silva acredita que a responsabilização dos particulares poderá constituir uma forma de canalizar meios para a conservação, proporcionando os meios de preservação e envolvendo o cidadão no processo.

 

"Antes, o homem era apresentado como um inimigo e só os funcionários e as pessoas ligadas à tutela podiam frequentar essas áreas protegidas, o que acabava por ser um privilégio", constata o director regional das Florestas.

 

Rocha da Silva vai mais longe e afirma mesmo que as restrições às áreas protegidas foram uma estratégia cultivada durante algum tempo na Madeira, "quanto mais não fosse como bandeira de protagonismos pessoais". "Houve pessoas que se transformaram em heróis da preservação por causa desta moda, o que até teve os seus benefícios para a conservação ao nível da sensibilização", conclui o governante com a tutela das Florestas.

 

Não à cobrança de taxas

 

A ideia de cobrar taxas de acesso às áreas protegidas com o propósito de a conservação da natureza gerar receitas próprias surgiu, no início deste mês, pela boca do secretário de Estado do Ambiente.

 

Durante um debate de urgência na Assembleia da República convocado pelo partido ecologista 'Os Verdes', Humberto Rosa sugeriu a criação de receitas através da cobrança de taxas de estacionamento, visita ou atravessamento de áreas protegidas, o que classificou como "um pequeno contributo dos visitantes para ajudar a gerir a sua presença" nestes locais ou por pequenas concessões.

 

Na Região, a proposta não é vista com 'bons olhos' pelos especialistas ligados ao sector ambiental.

 

Para Domingos Abreu, director regional do Ambiente, a medida só seria viável mediante a oferta de um serviço, podendo mesmo ser considerada como "um espécie de penalização para quem aprecia a natureza".

 

Já o director regional das Florestas entende que a cobrança de taxas nem sempre equivale a lucro. "Muitas vezes, as estruturas necessárias montar para a cobrança são elas próprias os sorvedouros das taxas", alerta. A proposta não desagrada a Raimundo Quintal, desde que as receitas sejam canalizadas para a preservação do espaço em causa. O geógrafo alerta para os perigos desta visão economicista e diz que, antes de mais, é preciso definir a carga de pessoas que cada um dos espaços pode receber. "Não se pode arranjar taxas a torto e a direito, só porque o Estado se quer demitir das suas responsabilidades", afirma Raimundo Quintal.

 

Patrícia Gaspar

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publicado por João Carvalho Fernandes às 15:10
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