Alterações climáticas poderão ser positivas para a floresta Laurissilva mas fatais para espécies como a Freira da Madeira
Com a devida vénia ao Diário de Notícias da Madeira
O aumento progressivo da temperatura média anual - os cientistas situam-na entre os 1,4 e os 3,7 graus centígrados até ao final do século - "terá um impacte negativo nos habitats de altitude", prevendo-se uma "tendência para a redução da sua implantação às zonas mais elevadas" e "num dos cenários para o seu desaparecimento no final do século".
"Esta redução/desaparecimento poderá levar à extinção de espécies de flora e de fauna associadas, é o caso emblemático da Freira da Madeira", avisa o estudo que visou determinar a sensibilidade do arquipélago da Madeira às Alterações Globais do Clima, no âmbito do CLIMAAT II, iniciativa científica financiada pelo programa comunitária INTERREG III-B."Contudo, surge por reflexo um impacto positivo no habitat da Laurissilva: as associações vegetais que o compõem terão tendência a estabelecer-se nas áreas anteriormente ocupadas com vegetação de altitude", uma "alternância vegetativa" que "será feita muito gradualmente", lê-se mais adiante no mesmo estudo, na elaboração do qual participaram cientistas de várias instituições, sob coordenação do Instituto de Ciências Aplicadas e Tecnologia da Faculdade de Ciências de Lisboa (ICAT).
Conhecer o máximo possível acerca da susceptibilidade do arquipélago da Madeira às alterações climáticas que se perspectivam até ao fim deste século, em resultado do aumento das emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera, foi o propósito que orientou a Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais, através da Direcção Regional do Ambiente, ao encomendar este estudo, que não deixou de ter em conta que as "ilhas são mais vulneráveis às alterações climáticas que as áreas continentais", e os "verdadeiros santuários" que possuem a nível de biodiversidade, "fruto do isolamento a que estiveram votadas desde sempre" e que "favoreceu a evolução de plantas e animais únicos nas suas características e na sua fragilidade dando a origem a endemismos", podem vir a ser afectados com a mudança de clima.E, na ilha da Madeira, de acordo com a investigação científica, "as respostas mais visíveis dos sistemas biológicos às alterações climáticas traduzir-se-ão sobretudo em deslocação em altitude e alterações às comunidades, com substituição de umas espécies por outras".
Os cenários estudados pela equipa liderada pelo investigador português Filipe Duarte Santos antevêem "uma provável diminuição da área actualmente ocupada com vegetação típica de altitude (Maciço Central-Oriental), com tendência para o desaparecimento da série de vegetação rupícola de altitude que será potencialmente substituída pela série de vegetação da Laurissilva temperada do til".Em relação à Laurissilva, "apesar de também sofrer aumentos de temperaturas para além dos limites das amplitudes térmicas habituais, não deverá sofrer grandes diminuições de área ocupada, principalmente por não se prever uma diminuição da humidade relativa, variável climática de grande importância para este tipo de vegetação", conclui o estudo.
Novas espécies
Já se constatam alguns indícios de possíveis efeitos das alterações climáticas nos ecossistemas do arquipélago da Madeira, nomeadamente na área marítima. Recentemente foi registado pela primeira vez o aparecimento de duas novas espécies de crustáceos decápodes: um caranguejo, Platypodiella picta e um camarão, gnathophyllum americanum, observa o estudo, lembrando que "em ambos os casos, com estes aparecimentos, foi registado um novo limite Norte no Oceano Atlântico Oriental para a distribuição destas espécies". Também no que toca aos mamíferos marinhos, é do conhecimento dos autores que têm sido "avistadas duas novas espécies de baleia para a área da Madeira, B. borealis e B. edeni, bem como um aumento do número de baleias que utilizam estas águas, podendo estar a começar a utilizá-las não só como rota migratória mas também como área de reprodução e criação" nas águas madeirenses. Convém ainda recordar que uma investigação promovida pelo Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR), dada a conhecer pelo DIÁRIO em Maio último, culminou com a descoberta de oito novas espécies de gastrópodes, na Madeira. Conduzido pelo investigador Peter Wirtz, ex-docente da UMa, este estudo decorreu ao longo do ano 2005 e, na opinião deste investigador, a presença destes animais está relacionada com o aquecimento global. Uma das espécies encontradas - um caracol de grande dimensão - dá pelo nome de "Architectonica nobilis" e tem sido avistado na zona do Caniçal.
Raul Caires
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