Com a devida vénia ao Jornal da Madeira
A Olhar foi esta semana até ao Ribeiro Frio, mais concretamente, até aos Balcões. Este é, com certeza, um dos percursos pedonais mais concorridos da Madeira porque, durante a nossa caminhada de 1.30 horas, praticamente, de cinco em cinco minutos passavam por nós pequenos grupos de turistas, em ambas as direcções. Há muita informação a indicar o trilho, por isso, não há que enganar. O percurso é acessível, o caminho é largo e sem desníveis. É cerca de 1,5 quilómetros até chegar aos Balcões onde a paisagem compensa a caminhada. Pelo caminho, pode-se molhar a garganta nalguns espaços onde se podem apreciar, também, os produtos típicos regionais confeccionados à mão.
O tempo estava propício a um passeio a pé, desta feita, do Ribeiro Frio aos Balcões. Durante a caminhada pudemos constatar que o local faz jus ao nome que tem. Num dos troços, e apesar da temperatura amena que nos acompanhou desde a saída do Funchal, ali chegados sentimos um frio, de tal maneira que houve necessidade de vestir o casaco. A ponta do nariz ficou gelada bem como as maçãs do rosto tal era o fresquinho que passava. O caminho que fizemos para chegar até ao Ribeiro Frio, Funchal/Via Porto da Cruz, por si só, já nos convida a uma caminhada a pé. À medida que subíamos, embrenhávamo-nos nas montanhas cobertas de verde. Em cada curva, a paisagem nos surpreende. Depois de passarmos os primeiros cafés e mais umas curvas, chegamos ao ponto de partida. No local eram visíveis algumas carrinhas com turistas e táxis, junto aos espaços de restauração e artesanato de onde sobressaíam as peças de lã confeccionadas à mão. A entrada para a levada faz-se à direita, para quem vem a subir a Estrada Regional 103. Do outro lado da estrada temos a indicação de uma outra levada, que vai dar à Portela. Fica para uma próxima centremo-nos nesta.O início do percurso é estreito. Podemos optar por entrar junto à estrada onde o caminho é mais estreito ou abaixo dela, onde temos que subir alguns degraus que nos encaminham para o trilho. O caminho é largo, em terra batida, com algumas curvas, mas andamos sempre na mesma cota. O espaço onde corre a água é estreito em relação ao restante. A água corria no sentido inverso à nossa caminhada. Neste trilho não há falta de informação. Existem várias placas onde se pode ler Levada Velha, Balcões bem como a existência de um bar, a 600 metros. Um quadro informativo dá-nos diversas dados sobre o percurso desde o nome da levada, números de telefone úteis, normas de conduta e de segurança para que nada corra mal. Esta levada tem 1,5 quilómetros, a caminhada leva 1.30 horas a ser feita, sempre, a uma altitude de 630 metros. Nesta primeira fase, galgamos as raízes das frondosas árvores, as pedras metidas na terra firme, cobertas por um fofo manto de folhas secas.Deparamo-nos com alguns carvalhos e cogumelos gigantes. Alguns pequenos abismos mais adiante são disfarçados pela vegetação densa que corre pela encosta abaixo. O silêncio, levemente quebrado pela água a correr, é reconfortante, acompanhado pelo ar fresco com que enchemos os pulmões a cada passada. Passamos pelo primeiro casal de turistas. Muitos mais se seguiriam. Atravessamos uma pequena ponte de cimento coberta com musgo. O leito do ribeiro estava seco. A vegetação variava pela encosta acima, ora entre pequenos grupos de pinheiros, ora por eucaliptos. Mas a laurissilva, inevitavelmente, faz parte deste quadro natural. Duas grandes paredes rochosas formavam como que um túnel, onde um alegra-campo se mantinha de pé, mais parecia uma flor encaixada na orelha de uma criança. A passagem é estreita mas dá o seu quê de mistério ao passeio.
Diversidade de vegetação e produtos típicos
O caminho em frente continuava repleto de folhas secas e raízes que denunciam as dezenas de anos que cada uma daquelas árvores tem. Um pequeno casario, ao longe, vislumbra-se por entre os ramos de pinheiros. Alguns pereiros plantados abaixo da levada estavam cobertos por cabrinhas da serra, parecia que tinha nevado, mas neve verde Passamos pelo Bar Flor da Selva onde, além de se poder molhar a garganta, se pode apreciar diversos produtos típicos madeirenses como sejam colheres de pau, barretes de orelhas, aguardente de cana até socas de plantas. Uma senhora que se encontrava a confeccionar barretes de orelhas lá foi dizendo que o que mais custa é estar tanto tempo sentada porque faz doer as costas. Um dos casais de turistas soltou-nos um olá, pareciam satisfeitos com a caminhada.
Mais adiante havia na berma pés de uveira da serra, estava madura. Disse-nos um dos senhores que passava que até da França vêem buscar porque dá energia. Passamos pelo segundo bar deste trilho, o Balcões Bar. O som de chocalhos ao longe deu-nos a entender que havia animais a pastar, algures. Encontramos mais uma placa informativa a indicar o caminho para os Balcões. Novamente, mais um túnel, propiciado por duas grandes paredes rochosas. Aqui e ali encontramos algumas plantas que, em tempos eram muito vulgares nos jardins particulares, a par de algumas serralhas que serviam para alimentar os coelhos e, até plantas para afastar o mau olhado, dizem os populares. Avista-se, novamente, um aglomerado de casas e o mar. Uma placa amarela indica-nos a direcção para os Balcões. Tivemos que descer. Um sinal de proibição indica-nos que não devemos continuar a levada em frente. Descemos o caminho em pedra, que foi estreitando à medida que descíamos. Depressa chegamos aos Balcões. Ali a vista alarga-se, o céu ficou a descoberto e as montanhas cobertas de verde dão uma beleza extraordinária ao local. A vegetação rareia no cume das montanhas. Um mapa, já um pouco apagado, descrito sobre uma placa de cimento no miradouro indica-nos em frente, da esquerda para a direita o Pico do Gato, Pico das Torres, Pico Ruivo e Achada do Teixeira. O nevoeiro sobranceiro não nos deixava avistar todos os picos. Ao fundo encontra-se a Estação Termo-Eléctrica da Fajã da Nogueira. Um pequeno caminho escavado na montanha permite lá chegar. No miradouro, alguns turistas apreciavam a paisagem, sentados em cima do amontoado de pedras.
Outra marca emblemática da nossa terra que se avista dali é a Penha dÁguia e ao seu redor, o casario disperso pelos vales. Era altura de fazer o caminho de regresso mas acabamos por descobrir outras coisas, inclusive, um casal de idosos que se preparava para trabalhar a terra. Ficamos com vontade de voltar porque andar a pé, pelos nossos caminhos verdejantes, dá saúde e chega a ser viciante
Élia Freitas
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