Em cada troço percorrido nas levadas madeirenses não paramos de nos surpreender Foi o que aconteceu, esta semana, durante uma caminhada que a Olhar realizou pela Levada do Castelejo, na freguesia do Porto da Cruz. O trilho previsto era pequeno mas não imaginávamos que, em tão poucos quilómetros encontraríamos tanta riqueza de vegetação, por entre alguns poios lavrados onde se contavam diversos legumes e frutos. Nas encostas, foi aliciante descobrir algumas espécies endémicas, por entre as muitas ervas medicinais que sobressaiam aqui e ali Venha conhecer connosco este pedacinho de norte madeirense que, poderá não curar o corpo mas deverá, com certeza, dar saúde ao espírito e à mente
Com a devida vénia ao Jornal da Madeira
A Levada do Castelejo, na Referta, freguesia do Porto da Cruz é um dos trilhos pedestres dignos de uma visita. A Olhar aceitou o desafio e, esta semana, andou a pé, pelo norte da ilha.Para chegar ao início deste trilho, seguimos pelo caminho que vai dar à Portela mas, em vez de virarmos à esquerda para o acesso que nos leva até ao local em questão, vamos sempre na estrada regional e viramos à direita onde diz Achada. Não há que enganar, na esquina existe um café.Uns metros adiante, à esquerda existe uma escadaria em cimento. O ambiente envolvente é mesmo convidativo a uma caminhada a pé. A partir dali, a vista alcança a rocha da Penha d' Águia, o mar e as encostas verdejantes onde sobressaiem alguns pinheiros.
A estrada em frente estava engalanada com as bandeiras típicas das festas e cordões de luzes. O nosso destino era, mesmo, a caminhada. Por isso, descemos a escadaria, deviam ser mais de 40 degraus Esta primeira parte da levada é, toda ela, em cimento. O percurso é estreito, com algumas curvas mas, praticamente, sem desníveis. A água que existia na levada era bem pouca, encontrava-se estagnada e repleta de folhas. Existem alguns postes de electricidade que levam a energia eléctrica ao casario que se encontra disperso na encosta, abaixo da estrada. As ameias brancas davam uma certa piada à encosta verde, mais parecia uma roda dentada deitada sobre o muro.Nalguns poios avistavam-se alguns palheiros, usados em tempos, para guardar gado e, nalguns, casos, os produtos agrícolas. Um pouco mais à frente, uma outra escadaria dava acesso a uma casa particular, abrilhantada por novelos rosa e azuis. Estava bem arranjadinho. Pelo caminho encontramos um pouco de tudo, desde verduras e árvores de fruto. Outras, ainda, que embora não dêem frutos, embelezam o percurso. Algumas das plantas são endémicas como é o caso da urze e do loureiro, a par de outras, caso das cabrinhas e bambu.Mas a grande variedade de produtos, cujas folhas dão origem às diferentes tonalidades de verde dispersas na paisagem, só nos faz crer que o terreno é muito fértil, em que muita ajuda a abundância de água que viamos escorrer das paredes.
Dos produtos cultivados destaque para algumas couves, abóboras, inhame, semilhas, batata doce, pipinelas e agrião. Parecia um autêntico mercado ao ar livre, onde tudo está à mão para confeccionar uma saborosa sopa, mas não há que esquecer que tem dono por isso, é melhor, apenas apreciar. Prova disso era um dos camponeses que caminhava na direcção contrária à nossa, de bordão na mão. Pela vestimenta parecia ir ver como anda a produção Numa das curvas, era de pasmar um pequeno pedaço de terreno, cultivado com rama de semilha, todo ele debruçado sobre o a abismo, em jeito de caracol. Noutros pontos, havia erva, mais ou menos tenra para o gado e junco que, em tempos, era usado para cobrir as casas.
Árvores de fruto e plantas medicinais
Para além dos cactos e figueiras, aqui e ali apareciam algumas árvores de fruto. Alguns já estavam mais ou menos maduros, outros, nem por isso, como era o caso das anonas, castanhas, pêra abacate, bananas, maracujás de banana, nêsperas e girassóis. Algumas plantas invasoras, também, marcavam presença durante o caminho, como seja a acácia, o silvado e a bananiche. O silvado, embora pique e não seja muito agradável, sempre, dá algo de bom, as amoras. Não resistimos e provamos, como autênticos adolescentes que, há uns anos atrás, andavam pelos campos, de frasco na mão, a colher este fruto para logo saborerar, depois de polvilhados com uma colher de açúcar.
Era uma recolha feita em jeito de brincadeira que, muitas vezes, acabava por deixar cada nódoa na roupa neste caso, deixou-nos os dedos mais ou menos roxos mas valeu a pena, apesar de algumas picadelas dos espinhos. As fileiras de canavieiras davam outra tonalidade de verde ao quadro natural enquanto no fundo do vale corria um razoável caudal de água.Nas paredes da rocha, haviam mini-repuxos e nas bermas do caminho crescia de tudo um pouco desde feiteiras às ervas medicinais para curar "males" como dores de cabeça, algumas, ainda, para curar certas doenças dos próprios animais. O segredo está em distingui-las, cujo saber é, por vezes, transmitido oralmente das gerações mais velhas para as mais novas. As flores, também, fazem parte deste quadro. Espadanas, açucenas e palmas de São Lourenço. Nalguns troços, onde o abismo era mais evidente, haviam vedações. Este percurso obriga-nos a atravessar três pequenas pontes de cimento, sem as quais, seria quase impossivel fazer toda esta caminhada, a não ser, galgando o fundo do vale. Numa delas, é de lamentar um amontoado de folhas de zinco a decomporem-se. Ao alcançarmos o outro lado do vale com a grande ajuda das pontes, avistamos o trilho galgado. Ao fundo, vários poios, que mais pareciam uma manta de retalhos. Aproximamo-nos de uma das casas. A levada passa, mesmo, nas costas da mesma. Um dos residentes acartava um molho de erva para dentro do palheiro. Aqui a levada estreita, há mais canavieiras e pinheiros na encosta.
Continuamos a andar, atravessamos um pequeno furado (túnel) e chegamos junto à estrada. Mas aqui só se pode ir numa direcção, é que a estrada não tem saída Mas, quem quiser, pode prosseguir pela levada.Optamos por sair. Regressamos com um cheirinho a produtos frescos, com o espírito bem refrescado pela natureza
Élia Freitas
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