Com a devida vénia ao Diário de Notícias da Madeira
Capturas estão no nível mais baixo da última década (-24%), o preço subiu 40% pelo que o prato típico está ameaçado
Nunca se pescou tão pouco peixe-espada preto como neste ano. As estatísticas oficiais reconheciam uma quebra de 23,4% no primeiro trimestre, mas a partir de Março esse valor é substancialmente superior, com uma ameaça de rotura no fornecimento para a restauração, com as unidades hoteleiras em dificuldades para manter o filete de espada como uma referência dos seus menus. Desde 1998 que os pescadores madeirenses têm vindo a capturar menos peixe-espada preto. Oito anos depois, as capturas são inferiores em quase 30%, ainda que a frota local seja maior e melhor apetrechada.
QUEBRAS ATINGIRAM OS 35%
Embora os responsáveis políticos prefiram falar dos valores da remuneração, que efectivamente tem vindo a aumentar ao longo da última década, ainda que no ano passado o valor do peixe-espada preto transaccionado (6.486.417 euros) tivesse sido 9% inferior ao volume de negócios gerado no ano 2004 (7.057.642), o que é facto é que a restauração necessita de peixe-espada, isto se quiser manter no menu um dos pratos de referência da gastronomia madeirense. Pelo que foi possível apurar, no primeiro semestre deste ano confirmou-se a quebra que se vinha registando desde o início da década, na ordem dos 24%, com os meses de Março (-26%), Abril (-35%), Maio (-17%) e Junho (-27%) a precipitarem uma descida nas descargas, ainda que em Julho (-10%) e Agosto (-1%) a quebra tivesse sido bem mais pequena.
Depois do ano passado se terem verificado safras de fartura, com incidentes na lota, os armadores chegaram a acordar a proibição de deixarem os aparelhos na água a pescar enquanto iam descarregar à lota, com registo do dia de saída e de chegada das embarcações, de modo a evitar fainas de mais de 8 dias, reduções estas que não faziam prever a crise a que se chegou.
Segundo os pescadores, no ano passado num lance conseguia-se cerca de 700 espadas. Agora, num mesmo lance vêm apenas 120. Antes um barco trazia entre 3.000 a 4.000 espadas por cada saída de 10/11 dias, agora se trouxer 1.000 a 1.500 espadas tem de se dar por satisfeito. O facto de haver pouco peixe tem obrigado, também, a que a faina decorra para além das habituais trinta milhas, obrigando os pescadores a navegar até às oitenta milhas, o que acarreta mais custos e menos idas ao mar.O facto dos últimos meses terem sido os piores dos últimos vinte anos levou a uma ameaça no fornecimento a restaurantes e hotéis, que começam a ver as suas encomendas parcialmente satisfeitas e em timings diferentes daqueles que no passado aconteciam.
PREÇO SUBIU CERCA DE 40%
Com menos peixe, pescadores e compradores estão envolvidos numa guerra de preços, pelo que o valor hoje praticado é 40% superior, com o filete pago a 7,5 euros e o rolo acima dos seis euros, valores que naturalmente condicionam os que consomem centenas de quilos por mês de peixe-espada preto, para mais quando têm outras opções bem mais baratas, o que leva a que muitos restaurantes tenham retirado do menu o tradicional filete de espada.
Obviamente que os recursos piscícolas e o comportamento do peixe-espada preto - espécie que se pode encontrar em vertentes continentais ou elevações submarinas (600 a 1.600 metros de profundidade) entre o Atlântico Norte, Islândia e até Canárias - é explicado pelas variações da temperatura das águas e fontes de alimentação, entre outras razões, com a gestão dos "stocks" a se constituir como o grande desafio do homem nos tempos que correm, pois os recursos não são ilimitados.
PESCAR NA DESOVA É AMEAÇA
A situação que se vive na Madeira é explicada, também, pela circunstância dos melhores meses de captura ocorrerem entre Outubro e Dezembro, período da desova, o que vem impedindo a reprodução da espécie e a manutenção dos stocks, até porque as ovas são comercializadas como se de caviar se tratasse, atingindo os 10 euros ao quilo, o que interessa sobretudo à industria transformadora.Para além dos interesses dos pescadores e armadores na gestão dos recursos piscícolas até serem antagónicos, o que agora está em causa é todo o sector da restauração, bem como as empresas associadas ao sector, pois as exportações estão em queda e até a importação dos Açores não suprime a falta de peixe, pois hoje há menos 40% de espada açoriana, porque a crise também afecta este arquipélago.Se o ganha-pão dos pescadores e o êxito empresarial dos armadores estão ameaçados, a circunstância de não haver uma política de defesa dos recursos piscícolas - com a proibição da pesca no período da desova - ameaçam, agora, a restauração e com isso a qualidade e identidade da gastronomia e por via disso o turismo.
. Blogs
. VÉU DA NOIVA E TÚNEL DAS ...
. PISCINAS DA PONTA GORDA -...
. Carreiro mais antigo diss...
. ROSEIRAL DA QUINTA DO ARC...
. ROSEIRAL DA QUINTA DO ARC...
. ROSEIRAL DA QUINTA DO ARC...
. QUINTA DO ARCO - ARCO DE ...
. VISTA DO MIRADOURO DO CAB...
. VISTA TELEFÉRICO DO RANCH...
. Estátua do INFANTE D. HEN...
. IGREJA DE SANTA MARIA MAI...
. JANELA MANUELINA NA QUINT...
. Dos sítios que valem a pe...
. Fazer um cruzeiro: yay ou...
. Hoje vou contar-vos uma h...