Com a devida vénia ao Jornal da Madeira
A Madeira tem um vasto leque de ofertas na área do Turismo Activo, quer em terra quer em mar. Os "profissionais da diversão" andam de bicicleta, de quaiaque, de jeep, de catamarã. Enfim, levam os turistas a conhecer a aventura em segurança da natureza da Madeira. Contudo, nem tudo são rosas. A inexistência de carteira profissional para estes profissionais é um obstáculo ao crescimento do sector. De momento, está em estudo nova regulamentação para a actividade.
Andar de bicicleta pelas montanhas madeirenses, passear a pé pelas levadas, fazer um jeep-safari e desfrutar das belezas da ilha, sentir a adrenalina a dominar o corpo enquanto se desliza nos leitos das movimentadas águas das ribeiras que se desenham pelo interior da Madeira, sentir a brisa do mar num mini-cruzeiro em catamarã pela costa sul da Madeira, passear de caiaque, estar praticamente ao lado de golfinhos.
Tudo isso é possível na Madeira. O turismo está em mutação. Os turistas estão mais exigentes e querem novas emoções e sensações. Enfim, querem aventura com segurança. "Já não querem estar uma semana de férias só ao sol". Por isso, procuram actividades incluídas no Turismo Activo.
A Olhar foi conhecer um pouco desta forma de receber os visitantes. O Turismo Activo está ainda a despontar, mas são várias as suas potencialidades, como nos explica Luís Pinto Machado, da empresa "Terras da Aventura", que organiza diversas actividades de turismo activo.
"Somos profissionais da diversão", diz. "Temos de satisfazer as pessoas de manhã à noite, com as diversas actividades que temos. O sucesso da actividade tem a ver precisamente com a diversão do cliente". Quanto ao tipo de turistas que procuram as actividades junto da natureza, o responsável diz que as faixas etárias variam entre os 25 e os 55 anos. Em termos de nacionalidades, a Europa Central - a Europa rica - é o principal mercado, com a Alemanha, Inglaterra, Bélgica, por exemplo. Em segundo lugar, surgem "os mercados de proximidade" - os portugueses - que, apesar de não nos procurarem muito, talvez por uma questão de mentalidade, começam a crescer. O mercado espanhol também tem crescido, salientou ainda.
Quanto a madeirenses, são "muito poucos os que nos procuram". Normalmente, e do mercado madeirense, quem procura a "Terras de Aventura" são as empresas, para actividades de incentivo (ler caixa).
Actividade em regulamentação
Apesar desta ser uma vasta área e com um potencial de crescimento significativo, a verdade é que tem havido entraves ao desenvolvimento do Turismo Activo, salienta. Esta actividade está a tentar mudar a legislação de modo a, por exemplo, dotar os profissionais de carteira profissional, um requisito existente em vários países que apostam em Turismo Activo, mas que, em Portugal ainda não existe. A esse nível, diz que o nosso país está muito atrasado, apesar de ter muito para oferecer nesta área. O nosso entrevistado explicou que actualmente, não existe uma definição clara dos serviços de Turismo Activo. Na realidade, para além do Decreto-Lei 204/2000, que definiu a regulamentação da actividade, nota-se a necessidade de clarificar novos aspectos.
Assim, a Associação Nacional de Empresas de Turismo Activo e de Natureza está a tentar, juntamente com o Governo Central, regulamentar actividades mais específicas. Isso porque, o Turismo Activo é uma actividade relativamente nova em Portugal. Como actividade oficial, tem apenas seis anos, referiu-nos Pinto Machado, que faz parte da referida associação nacional. Aliás, a sua empresa foi uma das fundadoras da instituição continental, há cerca de 10 anos.
Desconhecimento permite existência de empresas sem licença
As indefinições existentes são obstáculos ao crescimento da área, comenta. Um dos entraves é precisamente o desconhecimento das autoridades da existência deste tipo de empresas. "Esse desconhecimento faz com que abundem empresas que não estão licenciadas e que podem incorrer em algum risco fazendo actividades para as quais não estão devidamente preparadas, porque o contacto com a natureza também implica alguns riscos. É muito arriscado uma empresa que não está licenciada para tal, levar turistas para a montanha. Pode ser grave". Dessa feita, a regulamentação que está a ser preparada visa "salvaguardar as empresas que estão no activo e que querem ser transparentes e legais, e para evitar que haja concorrência desleal, quer ao nível da própria segurança quer ao nível do profissionalismo".
As alterações pretendidas pela associação passam por uma melhor integração da área na actividade turística, nomeadamente através da formação. As sucessivas mudanças de governo, nos últimos anos, têm atrasado o processo, salienta. De qualquer modo, está confiante no actual secretário de Estado do Turismo, o madeirense Bernardo Trindade. "Sabemos que há intenção do secretário de Estado de rever o diploma que rege a actividade de animação turística".
Plano de formação nacional em preparação
Como nos explicou, "actualmente, só existem guias turísticos e guias de montanha oficiais. Estamos a tentar, a nível nacional, criar um plano de formação para jovens e não jovens que queiram trabalhar nesta área e para a qual possam ter uma formação legal e específica que os qualifique". O pretendido, assim, é formar "profissionais da diversão", monitores, através de um programa nacional que reúna currículos distintos para cada actividade e que permita que pessoas que tenham formação nesta área possam trabalhar com segurança, profissionalismo e com uma carteira profissional. A falta de encartados neste sector pode levar a uma certa desconfiança por parte dos turistas e agências, sublinha Luís Pinto Machado.
"Numa altura em que se quer profissionalizar esta área, também temos de ter profissionais à altura. Temos de acompanhar a promoção que a Madeira está a fazer no exterior e, se nós promovermos a Madeira nesta vertente do turismo activo, temos de estar preparados para quando os turistas aqui chegarem, podermos prestar serviços com o nível de profissionalismo que eles esperam, tal como acontece noutros países".
Inexistência de encartados prejudica contratos
Da parte da "Terras de Aventura", é dada formação aos monitores da empresa. Contudo, "não é a formação oficial", o que pode causar problemas junto dos operadores turísticos que exigem profissionais credenciados. Por isso, Pinto Machado lamenta que Portugal esteja muito atrasado nesta área. Comparando com a França e Espanha, por exemplo, "o nosso país está cerca de vinte anos atrasado", acrescentou. Essa situação reflecte-se "na falta de contratos com alguns operadores turísticos porque não há certificação ao nível de qualificação profissional"
Enfim, são obstáculos à evolução da actividade considerada pelo nosso entrevistado como "o parente pobre do Turismo". O responsável pela "Terras de Aventura" diz ainda que "uma prestação de bons serviços implica formação e reciclagem. É normal que um agente de viagem ou operador turístico que queira uma operação na Madeira com o turismo activo exija mais dos nossos profissionais do que de um hotel, porque o grau de risco é maior". Por outro lado, o nosso interlocutor considera haver algum desconhecimento por parte das autoridades regionais que "acham que um guia turístico ou um guia de montanha é capaz de fazer todas as actividades que nós temos, como caiaque, canyoning, passeios de bicicleta, actividades com grupos, quando são realidades muito diferentes". Ou seja, tem de haver especificidades em formação. Ainda mais quando a Madeira tem tanto por oferecer nesta área, em mar e em terra.
De salientar ainda que, actualmente, estão registadas na Madeira entre 25 a trinta empresas de animação turística. No entanto, também a este nível há uma certa indefinição porque empresas com ofertas distintas foram "metidas todas no mesmo saco", em termos da sua designação na lei. Por exemplo, "o Governo chamou a um aeródromo, a um centro hípico, e a uma empresa como a nossa como empresas de actividade turística. Ou seja, do número de estabelecimentos com esta designação na Madeira, apenas cinco ou seis prestam serviços específicos no Turismo Activo. À parte dos problemas sentidos no sector, a verdade é que os turistas continuam a procurar a aventura em segurança. Enfim, a Madeira não é propriamente um destino de sol e praia. Tem montanhas, trilhos e águas que conquistam o espírito aventureiro dos turistas".
Os "profissionais da diversão" tentam garantir o sucesso das férias de quem nos procura. E apesar das dificuldades, o objectivo primeiro tem sido alcançado. Por isso, venha a regulamentação das actividades específicas do sector. E venham mais turistas
Paula Abreu
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