Com a devida vénia ao Jornal da Madeira
Quotidiano dos tempos idos vive na Ribeira Brava
No Museu Etnográfico, na Ribeira Brava, os mais novos podem aprender como eram os tempos árduos dos nossos avós e bisavós, nos trabalhos agrícolas, por exemplo. Podem visitar o passado, olhando com respeito e admiração para as diversas peças e utensílios rudimentares que vivem nas salas de um edifício que, em tempos idos, foi uma casa solarenga (no século XVIII) e depois foi convertido numa unidade industrial, com um engenho de cana-de-açúcar (século XIX). Ali, os mais velhos podem recordar o que muitos viveram há alguns anos atrás e reconhecer, nos utensílios, a culpa pelas linhas ásperas gravadas nas suas mãos por, eles próprios, terem desempenhado alguns dos ofícios ali representados.
A 15 de Junho de 1996 nascia o Museu Etnográfico da Madeira, um espaço que reúne e preserva as tradições do povo madeirense que se foram perdendo nos meandros do tempo, no caminhar do desenvolvimento ou entre uma e outra geração. Ali, na Ribeira Brava, os mais novos podem aprender como eram os tempos árduos dos nossos avós e bisavós, nos trabalhos agrícolas, por exemplo. Podem visitar o passado, olhando com respeito e admiração para as diversas peças e utensílios rudimentares que vivem nas salas de um edifício que, em tempos idos, foi uma casa solarenga (no século XVIII) e depois foi convertido numa unidade industrial, com um engenho de cana-de-açúcar (século XIX). Ou seja, a própria estrutura fala por si, sendo um testemunho da arquitectura e do património industrial madeirense. Como dizíamos, os novos podem aprender muito.
Mas os mais velhos podem recordar o que muitos viveram há alguns anos atrás e reconhecer, nos utensílios, a culpa pelas linhas ásperas gravadas nas suas mãos por, eles próprios, terem desempenhado alguns dos ofícios ali representados. Os tempos idos já lá vão, mas as memórias continuam bem guardadas no museu, para que não nos esquecemos quem fomos. Como nos refere Lídia Goes Ferreira, directora do museu, dentro do público em geral, os idosos gostam especialmente de visitar o espaço, porque conta a sua história, a história de todos nós mas que, no caso deles, é também uma forma de relembrarem o quotidiano dos tempos antigos. Os mais novos, por sua vez, têm a oportunidade de conhecer como foi o passado dos pais e dos avós. Há evidentemente, esse interesse acrescentado atendendo ao tipo de colecções que temos no Museu.
5.329 visitantes de Janeiro a Maio
Este ano, de Janeiro a Maio, o Museu registou a entrada de 5.329 visitantes. Desse número, 4.267 foram visitas orientadas pelos serviços educativos. O facto da maioria das pessoas que visitaram o museu ter sido acompanhada pelos serviços educativos é excelente, acrescenta a responsável. Isso porque vem servir um dos nossos objectivos principais, que é o de trabalhar com e para a comunidade, o que inclui jovens, idosos e vários tipos de público. Em relação aos restantes visitantes do total de 5.329, referem-se a entradas individuais de turistas e madeirenses, apontou ainda.
Do ponto de vista de Lídia Goes Ferreira, os jovens estão mais receptivos às unidades museológicas. No nosso caso concreto, sentimos que há mais jovens a nos visitar e, inclusivamente, trabalham activamente com o museu nas actividades que desenvolvemos. Notamos que eles gostam muito não só do nosso acervo e das exposições, mas também das nossas actividades. Penso que este tipo de público é cativado através de iniciativas específicas para o chamar mais ao museu. É isso que os Serviços Educativos têm feito ao longo do tempo e tem resultado sem dúvida alguma. Este serviço do museu acaba por ser um mediador entre o público e o significado daquilo que é exposto, tentando proporcionar aos visitantes, especialmente os mais novos, uma leitura adequada e frutífera da informação que se pretende transmitir.
Da parte dos utentes em geral, os comentários ao exposto têm sido positivos. Temos fichas de avaliação e um livro de honra onde as pessoas deixam a sua impressão sobre o museu. Até agora, temos tido as melhores observações em relação ao Museu, revela. Mostrar aos visitantes um ofício ao vivo é um atractivo deste espaço museológico. Maria da Conceição Pereira trabalha no Museu Etnográfico desde o dia da abertura. É tecelã. Faz tapetes, cobertas, colchas finas com lã e cortinados com linho. Quem visita a unidade museológica não fica indiferente ao funcionamento do tear. As pessoas costumam parar à volta do instrumento rudimentar e observar Maria da Conceição Pereira enquanto esta tece.
Trabalhar no museu é gratificante
A trabalhar no Museu Etnográfico desde a sua abertura, Lídia Goes Ferreira diz que o projecto tem sido aliciante e gratificante. Sou antropóloga e nem toda a gente tem a felicidade de trabalhar na sua área, porque há um mercado de emprego muito restrito. Isso acontece em parte porque não se conhece as potencialidades deste ramo das Ciências Sociais e, portanto, para mim é um privilégio trabalhar naquilo que eu me formei e naquilo que eu gosto, salienta. Em relação à sua experiência à frente do museu, diz que é muito gratificante poder dirigir esta instituição atendendo a que é a única unidade museológica oficial que existe na Região, com esta vocação. O balanço que faz a esta primeira década é bastante positivo, sublinha.
A comunidade tem correspondido cada vez mais, ao contrário do que acontece em certas instituições em que há um grande impacto no primeiro, segundo ou terceiro ano e, depois, uma vez que as pessoas já conhecem a exposição permanente, as visitas diminuem. Até agora, isso não tem acontecido com o Museu Etnográfico. Felizmente, o público e principalmente os madeirenses continua a visitar o Museu e a participar nas nossas actividades, enalteceu ainda. Esta unidade museológica recebe apoios financeiros, logísticos e técnicos, e um grande incentivo por parte da Secretaria Regional do Turismo e Cultura e da Direcção Regional dos Assuntos Culturais, que tutelam a instituição.
Para além disso, pode até haver poucos recursos humanos ou financeiros, mas desde que haja boa-vontade e essencialmente que se goste daquilo que se faz, consegue-se desenvolver sempre actividades. Por exemplo, as comemorações deste aniversário devem-se a uma grande boa-vontade por parte dos grupos e elementos que vão colaborar nas iniciativas e ao apoio da Câmara Municipal da Ribeira Brava, destaca. De referir que o programa comemorativo do 10.º aniversário aposta na música tradicional, no que se refere à apresentação e fabricação dos instrumentos musicais tradicionais e com dez espectáculos musicais, sob o título de Dez Anos, Dez Espectáculos, como foi divulgado na edição do JM, da passada quinta-feira.
Moradia, indústria e museu
Uma casa é muito mais que uma simples construção. Abriga pessoas, famílias, peças criadas pelo homem. A própria estrutura física guarda na sua construção a história. É isso que acontece com o Museu Etnográfico da Madeira, um edifício que se começou a contar no início do séc. XVII, altura em que era da pertença do Convento de Santa Clara do Funchal. Era uma casa térrea na antiga Rua da Bagaceira. Foi adquirida por Luís Gonçalves da Silva, capitão das ordenanças da Ribeira Brava, que casou em 1682 com D. Antónia Meneses. A casa foi ampliada, tendo crescido um piso e, na ilharga sul do prédio, o proprietário mandou edificar em1710, uma capela dedicada ao patriarca São José, onde viria a ser sepultado.
Ainda podemos observar, embora modificado, implantado no edifício onde se instala o Museu Etnográfico, o portal da referida ermida, escreve Jorge Valdemar Guerra, no historial do museu. Luís Gonçalves da Silva e a sua mulher, por disposição testamentária, efectuada em 1716, instituíram um vínculo perpétuo imposto na casa onde residiam, em diversas fazendas e na própria capela de São José, o qual seria somente abolido em 1860. Em 1853, José Maria Barreto, último administrador do vínculo de São José, converteu o arruinado solar numa unidade industrial, tendo para o efeito constituído uma sociedade com Jorge Oliveira. Foi então ali montado um engenho de moer cana-de-açúcar, de tracção animal e um alambique de destilação de aguardente.
Em 1862, a sociedade fabril, com um novo sócio, o Pe. António de Macedo Correia e Freitas, passou a utilizar energia hidráulica, instalando-se nesse ano, uma roda motriz de madeira, servida por uma levada e um engenho de moer cana com três cilindros de ferro horizontais. Em 1868, funcionavam naquela fábrica dois moinhos de cereais. Jorge Valdemar Guerra escreve ainda que ao longo dos anos, foram ocorrendo sucessivas transacções das quotas da empresa e, finalmente, em 1974, os herdeiros de João Romão Teixeira, proprietários do edifício, venderam-no à Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal. Anos mais tarde, o Governo Regional decidiu instalar no antigo engenho o Museu Etnográfico da Madeira, projectado pelo arquitecto João Francisco Caires, que teve a sensibilidade de preservar testemunhos da história do edifício, como é o caso da máquina de moer cana.
Paula Abreu
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