Com a devida vénia ao Jornal da Madeira
Uma das levadas mais antigas da Madeira perto do "coração" do Caniço
O tempo quente e seco que se tem feito sentir nos últimos dias está mesmo propício a uma caminhada. Por isso, aceite a nossa sugestão e dê uma espreitadela a um percurso pedestre que se encontra bem perto do "coração" do Caniço. Trata-se da Levada da Azenha que foi alvo de recuperação no ano passado pela Casa do Povo do Caniço juntamente com a Câmara Municipal de Santa Cruz. O percurso compreende o Caminho Velho da Azenha e o Caminho Velho do Castelo, percorrendo a Levada da Azenha até ao moinho da Vitória. São cerca de 1,3 quilómetros que se fazem em pouco menos de uma hora. Grande parte do troço é plano, apenas na parte final, subimos um pouco a encosta, junto ao velho moinho. Tendo em conta que a vegetação não é muito densa aconselha-se a que os caminhantes levem um chapéu e ponham um protector solar.
A entrada para a Levada da Azenha, perto do centro do Caniço faz-se pela vereda com o mesmo nome. Fica acima da Estrada do Aeroporto (ER 204), de quem vem de Santa Cruz em direcção ao Funchal, um pouco abaixo do restaurante Azenha, junto ao primeiro aglomerado de casas logo a seguir à curva.
Uma placa em madeira indica "Levada da Azenha - Caminho Velho do Castelo - 1,3 Km". É começar a subir. Seguimos a levada, onde a água corre em sentido contrário à nossa caminhada. No muro em pedra vislumbra-se um grande manto de vegetação rasteira. À medida que caminhamos encontramos alguns poios ao longo da encosta, a maior parte sustentados por muros de pedra. Alguns estão cultivados com alfaces, feijão verde, maçarocas e tomate. Outros estão abandonados e cheios de erva.
À esquerda encontramos um pequeno aglomerado de casas, com canteiros de flores à porta onde se destacam as coroas de Henrique. À medida que avançamos vemos o centro do Caniço, com a sua imponente torre da igreja. Passamos por uma "latada" de pimpinelas. Aqui o caminho começa a estreitar mas existe uma pequena vedação para evitar que os caminhantes caiam no estreito mas profundo vale. Chegamos ao antigo moinho da Azenha, do qual apenas restam as paredes laterais. No interior encontram-se alguns vestígios do seu funcionamento, três mós em pedra que serviam para moer os cereais. Onde antigamente abundava muita farinha, agora floresce muita abundância pelo chão. Nesta zona vislumbramos parte da ponte da saída da via rápida da Camacha que dá acesso às Eiras. Começamos a subir. Deixamos o caminho da levada, a qual contorna o velho moinho para a encontrarmos, novamente, um pouco mais acima. Pela encosta encontram-se alguns pinheiros, eucaliptos e "pés" de estrelícia. Ali perto há vestígios de um incêndio que deflagrou por entre os eucaliptos. Alguns, bem altos, mais parecem grandes colunas dos antigos templos romanos, cujos troncos engrossaram devido aos rebentos. Encontramos neste trilho algumas plantas rasteiras, bem verdes, por entre as grandes pedras desnudadas como sejam abundâncias, acácias e arruda, cujas folhas servem para fazer chá. À medida que subimos vemos um pouco mais do centro do Caniço. Aqui o caminho estreita, novamente. Mais uma vedação ajuda-nos a caminhar em segurança perto do abismo. Apenas o som da água a correr, dos ramos a partirem-se debaixo das sapatilhas e das rãs, quebram o silêncio reconfortante.
Como não podia deixar de ser, dado que estamos no Caniço encontramos tabaibeiras e figueiras. Mas os cactos estão, ainda, em flor. Após subirmos um pouco, começamos depois a descer em direcção a uma pequena clareira. A vista é bem agradável. A escadaria é em pedra com uma vedação em madeira. No local, duas placas em madeira nos indicam o trilho a seguir, "Caminho Velho do Castelo - 0,3 Km", outra indica o caminho que acabamos de fazer, "Levada da Azenha - 1 Km". Aqui deixamos a levada.
Descemos e atravessamos a ponte em madeira e subimos, novamente. Algumas lagartixas andavam pelo chão, doidas com o calor. Aqui e ali encontra-se uma ou outra casa abandonada no meio dos poios, também, eles abandonados onde abunda muita erva de espiga. Subimos mais um pouco e chegamos a uma zona mais plana onde encontramos feijão plantado, aboboreiras e ameixieiras. Estávamos perto do fim do percurso traçado para este dia. Uma placa de madeira, colocada junto a uma estrada secundária, indica "Levada da Azenha" como forma de guiar quem queira fazer o percurso que acabámos de fazer, mas em sentido contrário. Outra placa indica "Caminho Velho do Castelo", que está mais cima. Ouvia-se o chilrear dos pássaros, entre os quais, melros pretos e andorinhas e o típico som dos grilos na erva seca por onde esvoaçavam borboletas. A saída faz-se por um poio coberto de aboboreiras, junto a uma casa. Ao fundo vemos o casario, casas particulares que se misturam com os grandes blocos de apartamentos que hoje fazem parte da paisagem do Caniço. Uma placa indica a direcção para o centro da cidade.
Élia Freitas
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