Com a devida vénia ao Jornal da Madeira
Rocha da Silva recusa taxas ecológicas
JORNAL da MADEIRA - Em termos muito práticos, os percursos pedestres florestais são ou não seguros?
Rocha da Silva - Depende da perspectiva, mas, em termos gerais, devo dizer que o apelativo dos percursos em montanha, para além da paisagem é o risco que está sempre inerente a eles próprios. É impossível, em qualquer parte do mundo visitar uma área de montanha em que não estejamos perante as alturas. E esse facto, por si só, é um factor de risco.
Percursos seguros
JM - Mas, há percursos seguros? Que qualquer pessoa de idade ou uma criança possa percorrer?
R. S. - A Região tem feito uma aposta nalguns percursos e eu lembro aqui que, inclusive, já criámos percursos para caminhantes com deficiência visual, bem como tempos providenciado, no âmbito do projecto "Tourmac", uma espécie de cadeira de rodas, que é a "joalette", que permite, com a colaboração de pelo menos duas pessoas, levar um deficiente motor a visitar aqueles locais. Mas, tudo isto tem de ser feito com "peso, conta e medida". É óbvio que há espaço para que se possa melhorar alguns percursos, para possibilitar a pessoas menos capacitadas o contacto directo com a Natureza, mas também não podemos partir para o oposto: "urbanizar" a montanha, abrindo-a a toda a gente.
JM - Ou seja, não vamos ter "pavimentações" de percursos ou outras beneficiações do género.
R. S. - Não vamos ter coisas dessas, nem vai ser seguida qualquer política de massificação no meio natural, nem sequer de guardas-florestais lá colocados! Não são percursos citadinos! O objectivo aqui é criar algum espaço para pessoas menos dotadas, menos capacitadas fisicamente. Agora, temos de manter a integridade do meio, porque esse é que o grande apelativo das nossas montanhas. Há uma selecção de 18 percursos. Não significa que estes 18 não venham a ser complementados por outros mais, que nós achemos pertinentes. E quando digo nós, não estou a referir-me apenas ao Governo, mas também às Juntas de Freguesia, Casas do Povo, promotores turísticos, associações de desenvolvimento, etc. Desta parceria conjunta até podem surgir ideias sobre outros percursos, mas, neste momento, há 18 percursos escolhidos, onde a Região assume que vão ser intervencionados, de maneira a garantir um mínimo de condições de segurança. O resto da montanha é para se manter tal e qual está. E quando digo um mínimo de segurança é porque nesta matéria quem percorre os percursos tem uma palavra a dizer. A segurança dos utilizadores depende muito das suas atitudes. Normalmente, penalizamos, por uma questão política até, a Administração Pública, mas esquecemos que a esmagadora maioria dos acidentes ocorridos verifica-se por atitudes pessoais. Ou seja, o género do caminhante que para tirar uma fotografia tem de subir a uma rocha, do género daquele que viu uma planta na beira de uma falésia e quer colhê-la. E ainda há casos, alguns até noticiados na Comunicação Social - estou-me a lembrar de um senhor francês que foi encontrado ao fim de 13 dias no Curral das Freiras, com ele a assumir que quis andar pelas montanhas sem ser pelos trilhos e a andar a escalar as rochas e, no final, se ele não fosse encontrado estávamos aqui a lamentar mais uma morte - de pessoas que simplesmente se divertem andando por aí sem rumo, a desafiar o perigo.
JM - Não há uma forma de avisar essas pessoas para os perigos que correm?
R. S. - Em articulação com o Turismo, com os hotéis, há um conjunto de indicações que nós deixamos a quem nos visita, ou seja como contactar com serviços de apoio, de socorro, as precauções que devem ter, etc. Isto para além de alguns conselhos, como, por exemplo, a efectuarem os percursos começando pela manhã e não no final do dia, o vestuário e calçado a levar, etc. A partir daqui, penso que deve haver alguma liberdade do visitante.
Levada dos Piornais
JM - Também há quem defenda que essas pessoas só deveriam fazer os percursos quando acompanhadas por guias devidamente habilitados?
R. S. - A nossa sociedade é, às vezes, um pouco contraditória. Por um lado, reclama-se mais liberdades individuais, por outro lado há tendência para se controlar o que se faz, querer-se cada vez mais regras. Cada um é livre de opinar. Na minha opinião a natureza deve continuar livre.
JM - Nos percursos recomendados não está a levada dos Piornais? Porquê?
R. S. - A levada dos Piornais é uma levada quase toda ela feita em meio urbano. Na sua essência é um acesso municipal. Há diversas residências ao longo da mesma. Por outro lado, a parte que sai fora daquele meio tem aspectos de alguma perigosidade. Quando escolhemos os 18 percursos, houve um conjunto de factores que contribuíram para a sua identificação. Primeiro, houve um trabalho de auscultação de quem trabalha nessa área. Tivemos um trabalho conjunto com a Direcção Regional do Turismo, no sentido de identificar as zonas com maior carga. Depois de identificadas essas zonas, houve, naturalmente, uma análise aos percursos, para se analisar da possibilidade, ou não, de implementar medidas de segurança. Para além disso, também ponderamos os custos das operações. Por exemplo, dou-lhe o exemplo de uma vereda muito concorrida, que é a que liga Machico ao Porto da Cruz, mas que nós, quando estivemos a ponderar os diversos factores, chegámos à conclusão que, por muitas intervenções que fizéssemos nela, nunca poderíamos dizer que a mesma era completamente segura, porque atravessa uma zona de falésia, que podemos arranjar hoje e que, amanhã, estaremos outra vez lá a arranjá-la. Com a particularidade de não sabermos se, neste intervalo, não vai passar lá alguém e não vá levar com uma pedra em cima. Tivemos, portanto, de ter um critério, que foi o de criarmos uma rede de percursos em que a Região pode garantir que, efectivamente, os que a compõem se podem fazer em segurança.
Porta aberta
JM - Falou há pouco em complementar os 18 percursos com alguns mais. Quantos?
R. S. - A manutenção de um percurso, seja ele qual for, não é apenas intervencionar num determinado momento. Tem custos tremendos a sua manutenção. Podemos nos agarrar aos custos, para pensarmos em taxas, etc. Mas, não sei, neste momento, em quantos mais percursos poderemos pensar. Se houver uma entidade que se responsabilize por essa manutenção e após uma comissão, que existe no âmbito do diploma que escolheu esses 18 percursos, definir que tipo de intervenção e grau de intervenção a fazer nesse percurso, essa mesma entidade assumi-la, esse percurso poderá ser integrado nessa rede de 18 percursos. Isto deixa a porta aberta a todo o género de participações, desde autarquias a operadores turísticos. É uma coisa que está dependente da participação das parcerias criadas. I
nvestimento para continuar
JM - Concordaria com a possibilidade de se criar uma taxa para ajudar a custear essas manutenções?
R. S. - A fase seguinte a este esforço na recuperação dos percursos, obviamente que aponta para a sua continuidade. Não podemos estar a investir agora e depois, daqui a alguns anos, estarmos a dizer que está tudo na mesma. Isso significaria que se perdeu o investimento que estamos agora a realizar. Numa perspectiva de rentabilização de um sector (os passeios a pé) que anima o mercado turístico, teremos de pensar numa fase de excelência, ou seja de percursos ainda melhor preparados do que agora. E temos de começar muito bem, a pensar no que temos para oferecer. Mas, na minha formação pessoal, se quando se fala de uma taxa se está na realidade a falar de uma portagem, ou seja a autorização, mediante pagamento, para alguém fazer o percurso, eu discordo. Acho que não é por aí que devemos ir. Mas, criar centros de acompanhamento dos visitantes, criar serviços de qualidade aos visitantes e apostar no "merchandising", que até poderão levar a criar postos de trabalho (sobretudo ao nível de guias) e que o visitante pague por todo este serviço, já seria uma outra questão. Aí, eu estaria de acordo. Estaríamos a diversificar a oferta, a criar postos de trabalho e complementos de remuneração e, paralelamente, a contribuir para a manutenção dos passeios pedestres. Aliás, há recomendações da ONU que apontam para que se deve maximizar as oportunidades que as montanhas gerem, que não se deve cobrar os acessos à montanha mas que se deve permitir criar oportunidades de negócio com essa mesma montanha.
Miguel Angelo
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